FABIO S. VASCONCELOS – PSICANALISTA CLÍNICO E INSTRUTOR CORPORATIVO DE SOFT SKILLS
Historicamente, a transição da boneca bebê para a boneca Barbie ocorreu na década de 1950. A boneca Barbie foi lançada em 1959 pela empresa Mattel, apresentando um conceito revolucionário para a época: uma boneca adulta e estilizada que incorporava uma visão mais “moderna” da feminilidade.
Enquanto as bonecas bebês representavam o cuidado da maternidade e o papel tradicional da mulher como mãe, a Barbie refletia uma mulher independente, confiante e preocupada com a moda.
Essa mudança de foco na representação feminina nas bonecas teve um impacto significativo na maneira como as meninas do “pós-guerra mundial” passaram a se relacionar com esses brinquedos e, consequentemente, na construção de sua identidade.
A Barbie rapidamente se tornou um símbolo da feminilidade aspiracional e da beleza idealizada, reforçando padrões estéticos inatingíveis e criando expectativas irrealistas para as meninas…
Com sua figura esbelta, pele perfeita e aparência glamourizada, a Barbie cria uma imagem distorcida da feminilidade, levando muitas meninas a se tornarem mulheres consumistas de uma imagem inalcançável e neuroticamente se adequarem a “padrões” para serem consideradas bonitas ou aceitas, mesmo que isso comprometa a saúde… Na verdade, isso é menos ”independência” do que realmente a proposta tenta “simbolizar”.
A boneca Barbie também já foi criticada por representar um estereótipo limitado das possibilidades de carreira das mulheres, com foco excessivo em empregos associados à moda e ao entretenimento.
Essa representação limitada pode ser um “barbie-túrico” no imaginário das meninas em relação a suas aspirações profissionais, influenciando-as a escolher carreiras tradicionalmente associadas ao feminino e diminuindo suas ambições em áreas consideradas “masculinas”.
Claro que a Barbie em si não é o único fator que influencia a construção da identidade das meninas, mas ela faz parte de um contexto maior de pressões sociais e culturais de sua época.
Muitas “meninas adultas” de hoje acreditam que seu valor está ligado ao que elas têm, em vez de quem elas são como indivíduos.
Isso constrói um ciclo vicioso de busca por coisas externas para preencher lacunas internas, o que, a longo prazo, pode ser insatisfatório e pouco libertador…
Você já pode imaginar qual será a próxima boneca?