Execuções eram exibidas por meio de videochamadas
A Polícia Civil e a Brigada Militar prenderam 15 pessoas na manhã de segunda-feira (7), em Porto Alegre. Os presos integram uma organização criminosa acusada de torturar suas vítimas a machadas e exibir a execuções por videochamadas.
Policiais civis da 2ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (2ª DPHPP/POAS) cumpriram 52 ordens judiciais em Porto Alegre, sendo 15 de prisão preventiva, seis prisões temporárias e 31 mandados de busca e apreensão. O delegado Eric Dutra coordenou a Operação Mar Tirreno, após investigações.
A ação visa desarticular parte de estrutura de organização criminosa, prendendo suspeitos de fazerem parte de braço armado de facção que tortura e mata seus rivais, ao vivo, através de videochamadas.
O grupo criminoso, que tem por base o Bairro Bom Jesus e domina diversos outros bairros da capital, utiliza como método para atrair e enganar as vítimas, integrantes da facção rival, fardamento de policiais.
Sereias mitológicas
A operação foi batizada com este nome em referência às “sereias”, seres mitológicos que, com seu canto, atraem suas vítimas. O Mar Tirreno, na mitologia grega, era local habitado pelas sereias que seduziam pessoas, atraindo-as para a morte.
No caso inicial investigado, a tática de atrair as vítimas para uma festa falsa foi utilizada pela facção. De acordo com as investigações, duas mulheres, através das redes sociais, seduziram e convidaram dois integrantes de facção rival para uma festa regada a bebidas alcoólicas e drogas, na casa de uma delas.
A partir disso, entraram em ação os criminosos disfarçados de policiais militares, que algemaram as vítimas e iniciaram as torturas. Dois indivíduos foram brutalmente mortos, desfigurados por uma machadinha, e toda a ação foi transmitida ao vivo através de videochamada.
Foram 40 dias de intensas investigações e troca de informações entre a 2ª DPHPP e o setor de inteligência do Departamento.
Vítimas esquartejadas
As vítimas seriam esquartejadas e retiradas do cativeiro por um veículo Hyundai/Tucson, que aguardava na frente do local. Os executores deixaram os corpos na casa, que só foram encontrados no dia seguinte.
Ao todo, foram presas 15 pessoas nesta segunda-feira. Outros quatro indivíduos já haviam sido presos no decorrer da investigação. Foram apreendidas armas de fogo, munições, dinheiro e vasta quantidade de drogas prontas para venda. O fardamento policial falso também foi recolhido e encaminhado à perícia.
“A forma brutal com que foi cometido o crime, bem como suas circunstâncias, exigia uma resposta rápida e firme por parte do Estado, visando impedir que uma onda de crimes posteriores em forma de retaliação viessem a ocorrer. Essa resposta foi dada com a Operação Mar Tirreno”, disse o delegado.
Conforme o Diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa – DHPP, Delegado de Polícia Mario Souza, “o crime organizado sofre um grande golpe por ter autorizado e executado crimes de homicídio e dessa crueldade.” Ele também frisa que “o objetivo principal será a punição das lideranças que ordenaram esse crime.”
(Com informações da Polícia Civil)