ALESSANDRA CAVALHEIRO – JORNALISTA
No dia em que li pela primeira vez que a água é um bem natural finito, fiquei um pouco chocada. Virou minha chave com relação à questão ambiental. Sim, estamos matando a água, este elemento vital, fundamental para a vida.
Nos dias 18 e 19 deste mês acontece a Cúpula dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (do inglês, SDG Summit), onde chefes de Estado e Governo se reunirão na sede da ONU em Nova York para revisar a implementação da Agenda 2030 e dos 17 ODS. A Assembleia Geral ocorre de 18 a 25 e todos os países vão pensar sobre isso.
O que a ONU pede aos países é que tenham mais ambição para alcançar os ODS. É justo, na medida em que matando as águas, nos matamos todos.
Setembro é para lembrar os 17 objetivos e aqui destaco o ODS 6 – Água Potável e Saneamento. Afinal, toda a vida dos seres tem mais água do que qualquer outro elemento. No Brasil, a Rede ODS estará divulgando boas práticas para melhorar este mundão. Vamos ficar atentos.
O objetivo 6 é assegurar a disponibilidade e a gestão sustentável da água e saneamento para todos até 2030. Nós precisamos sonhar, sim. Pensando na forma com que tratamos as águas, é difícil, mas precisamos fazer qualquer coisa que estiver ao nosso alcance para que este objetivo se realize.
Por exemplo, ir às autoridades, solicitar melhorias, buscar boas práticas, lembrar das águas, contemplar as águas, sua beleza, sua importância, não desperdiçar, não envenenar as águas, buscar novas tecnologias.
Não vai dar para tomar água contaminada. Morreremos.
O acesso à água importa para todos
Como avalia a ANA (Agência Nacional das Águas), este elemento está no centro do desenvolvimento sustentável e das suas três dimensões – ambiental, econômica e social.
“Os recursos hídricos, bem como os serviços a eles associados, sustentam os esforços de erradicação da pobreza, de crescimento econômico e da sustentabilidade ambiental. O acesso à água e ao saneamento importa para todos os aspectos da dignidade humana: da segurança alimentar e energética à saúde humana e ambiental.”
Hoje os números dizem que a escassez de água afeta mais de 40% da população mundial, e deverá subir ainda mais como resultado da mudança do clima e da gestão inadequada dos recursos naturais. Mas com cooperação é possível alcançar novos números. Sempre.
E nossos filhos e netos?
Sem querer fazer terrorismo ecológico, nós pesquisamos, nos informamos e buscamos soluções, dados, exemplos e boas práticas. Nós não veremos muitas coisas que hoje são ditas, mas as coisas já não estão muito fáceis. Principalmente para os menos privilegiados.
Olhando a pesquisa publicada na revista científica Nature, uma das mais importantes do mundo, fico pensando em nossas crianças e jovens. O estudo mostra que a poluição da água vai causar uma crise de abastecimento até o fim do século 21.
Segundo projeções feitas por cientistas holandeses, uma média de 5,5 bilhões de pessoas podem ficar expostas a água poluída até 2100. É daqui a 77 anos.
Eles dizem que essa degradação deve ocorrer por causa da quantidade de poluentes no ar, a retirada de água e os regimes hidrológicos, impulsionados pelas mudanças climáticas e o desenvolvimento econômico das sociedades.
O que os cientistas dizem é resultado de uma vida de estudos, portanto, isso ocorrerá. Porém, tudo poderá ser bem menos pior se a humanidade agir como ela poderia ser: humanidade, em busca de sua dignidade. Veja aqui mais informações sobre as metas e indicadores do ODS 6. Pelas águas!