FABRÍCIO VARGAS – JORNALISTA E GERENTE DE PROJETOS DA SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA (SECOM)
É sempre bom esclarecer. O governo federal não decretou a instalação de banheiros unissex em escolas brasileiras, conforme informações divulgadas em uma campanha de desinformação da extrema-direita, que tem a missão de confundir a população, espalhando ódio, preconceito e informações mentirosas.
Sob o argumento de proteger as crianças e os adolescentes, o fundamentalismo religioso e o conservadorismo brasileiro atacam as pessoas trans e a comunidade LGBTQIA+ com uma abordagem sórdida das visões reacionárias e preconceituosas, entranhadas no submundo da internet.
A notícia falsa começou a circular após a publicação de uma resolução do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, que trata de parâmetros para o acesso e permanência de pessoas trans e diversas identidades de gênero nos sistemas e instituições de ensino.
No entanto, o conselho é um órgão autônomo em suas decisões, sobre a qual o Presidente da República não tem influência nenhuma. Aliás, essa resolução não trata da obrigatoriedade de banheiros unissex nas escolas do país, mas sim da promoção de direitos às pessoas LGBTQIA+.
A defesa das crianças não deve ser feita de forma abstrata, tampouco pode ser usada como uma desculpa para propagar ódio e violar os direitos humanos das minorias.
A verdadeira defesa das crianças ocorre por meio de medidas concretas como a garantia de dignidade alimentar, promoção de políticas públicas de auxílio às famílias, com cuidado a saúde, combate ao crime organizado, com creches, escolas e investimentos em educação e, sobretudo, garantindo os direitos estabelecidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
O Projeto Comprova – iniciativa colaborativa e sem fins lucrativos que reúne jornalistas de 41 veículos de comunicação brasileiros para descobrir e investigar informações suspeitas – efetivou que a informação que governo Lula teria decretado que as escolas do Brasil deveriam ter banheiros unissex é falsa.
O Comprova investigou os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais, destacando que o vídeo no YouTube do deputado Nikolas Ferreira tinha 185 mil visualizações e 34 mil curtidas.
Além disso, várias publicações de parlamentares no X somavam 1,3 milhão de visualizações, 47,9 mil curtidas e 15 mil compartilhamentos.
Infelizmente, a desinformação e a propagação de desinformação parte dessas figuras da extrema-direita que buscam lacrar acima de tudo e destilar o ódio acima de todos.
Na verdade, estão pouco preocupados com as pautas que beneficiam as crianças e a educação brasileira, mas muito empenhados em destruir o estado laico, abalar a democracia e os direitos conquistados da população ao longo dos anos.
Triste realidade de quem mente, para propagar ódio e preconceito, ao invés de construir uma nação justa, soberana e igualitária.