Momentos do debate dos prefeituráveis de Santa Maria promovido pelo Simers…
Expectativa X realidade
O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) promoveu, na noite de segunda-feira (5), um debate virtual com os seis candidatos a prefeito de Santa Maria: Evandro de Barros Behr (Cidadania), Jader Maretoli (Republicanos), Jorge Pozzobom (PSDB), Marcelo Bisogno (PDT), Luciano Guerra (PT) e Sergio Cechin (Progressistas).
Entre os temas abordados no painel, os prefeituráveis foram sabatinados sobre a criação de um plano de carreira para os médicos do município. A maioria dos candidatos concordou que é fundamental a organização da carreira desses profissionais. O atual vice-prefeito Cechin, por exemplo, disse que se comprometia em pagar o piso salarial aos médicos do município.
Seis candidatos disputam o comando da prefeitura de Santa Maria
Já o prefeito Pozzobom afirmou que é preciso “ter responsabilidade financeira”, uma vez que a criação do plano de carreira tem impacto no orçamento municipal, e também enfatizou que a lei federal 173 de 2020 limita gastos, reajustes, alteração na estrutura de carreiras e criação de cargos devido ao enfrentamento da pandemia.
Bisogno, por sua vez, foi o mais enfático em relação ao tema: “hoje não há condições nem dinheiro para viabilizar o plano de carreira dos médicos”. Parece que expectativa X realidade estão muito distantes quando o assunto é plano de carreira desses profissionais.
As constantes trocas de secretário
Os candidatos Jader Mader Maretoli e Evandro Behr fizeram críticas ao fato de a Secretaria da Saúde ter quatro titulares num período de três anos e meio, inviabilizando, na opinião de ambos, a elaboração de um planejamento para a pasta e, como consequência, melhorias à população.
Só para lembrar: o primeiro secretário foi o próprio prefeito Pozzobom, depois a enfermeira Liliane Melo o substituiu. Mais tarde, o médico e vereador Francisco Harrisson (MDB), Dr. Francisco, atual candidato a vice de Cechin, assumiu a secretaria no lugar de Liliane. Hoje, a pasta é comandada por Guilherme Ribas.
O alvo das críticas e a estratégia do vice
Chefe do Executivo, Pozzobom foi o alvo de críticas da maioria dos prefeituráveis, mesmo que, em alguns momentos, indiretamente. Para rebater os adversários, ele sempre procurou destacar as ações do seu governo. No tema sobre ações de combate à Covid-19, os candidatos aproveitaram para bater que a pandemia só “desmascarou” a situação da saúde, que já vem com problemas há anos.
No caso de Cechin, que é o companheiro de Pozzobom na administração, ele usou a estratégia de falar mais sobre o que pretende fazer e citou algumas ações do atual governo, contudo, procurando mencionar o município de forma geral sem personalizar na gestão.
Gestão plena
Sobre melhorias na saúde, quase todos os prefeituráveis defenderam a gestão plena da saúde com reestruturação das unidades básicas de saúde e aumento das equipes do programa Estratégia Saúde da Família (ESF). Jader e Bisogno defenderam a criação de uma fundação e de uma estatal (a exemplo de Santa Rosa), respectivamente, para cuidar especificamente da área. Já Pozzobom prometeu que, assim, que houver vacina, cerca de 240 mil pessoas, que dependem hoje da cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS), serão imunizadas. Conforme ele, já há recurso previsto no orçamento de 2021.
Sobre a saúde, um dos grandes desafios do futuro gestor público será criar condições para implantar a gestão plena, diante da complexidade da área e dos encargos cada vez maiores colocados na conta dos municípios.
Confira na íntegra o painel sobre saúde com os prefeituráveis de Santa Maria /Reprodução
As indiretas mais diretas
As críticas mais diretas durante o painel foram disparadas pelo petista Luciano Guerra. Sobrou para Pozzobom e Cechin. “Podem ter certeza de que não vou brincar de prefeito e secretário”, cutucou ele, numa referência ao fato de o tucano ter sido, ao mesmo tempo, prefeito e secretário de Saúde no início do governo, em 2017.
Enquanto os candidatos tratavam sobre o tema de ações para enfrentar a Coida-19 em Santa Maria, Luciano direcionou as farpas tanto para o prefeito quanto para o vice. “No momento em que Santa Maria mais precisava de união, Pozzobom e Cechin colocaram prioridades na disputa política, isso é a velha política”, disparou, ao comentar o racha da base e o lançamento de duas candidaturas.
O vídeo polêmico e o afastamento do vice-presidente progressista
Na semana em que Santa Maria registrou a triste marca de 6 mortes por Covid-19 em um único dia, o vice-presidente do Progressistas em Santa Maria, Marco Jacobsen, postou em suas redes sociais um vídeo em que fazia campanha na zona Oeste da cidade sem a máscara, bem como criticava a lei que entrou em vigor na última quinta-feira (1) obrigando o uso da proteção no município.
Rapidamente, o vídeo se espalhou. Foi infeliz e lamentável a atitude de Jacobsen. Não se pode sair incentivando as pessoas a não se cuidarem. Ao contrário, mesmo que a fiscalização sobre o uso de máscaras seja complexa, a precaução ainda é o melhor remédio para evitar a contaminação.
E numa campanha não vale tudo, ainda mais quando se trata de saúde, de vidas. A atitude de Jacobsen pegou muito mal e respingou em cheio na candidatura à prefeitura do vice Sergio Cechin (Progressistas). O vice-presidente pediu afastamento, o que foi aceito pela direção do partido. Em nota, a coligação informou que Jacobsen também foi desligado das atividades da campanha à majoritária.
“(…) Reforça-se que o Partido Progressistas não compactua com atitudes e movimentos, pessoais ou coletivos, que contrariem normas, leis e decretos estabelecidos pelas autoridades de Saúde em relação à pandemia de coronavírus”, diz um trecho da nota.
Definido tempo da propaganda para vereador
Diante da repercussão negativa, a coligação não tinha muita alternativa a não ser afastar o vice-presidente progressista, contudo, o estrago já estava feito. Por falar em dirigente do partido, Mauro Bakof, que se afastou da presidência, em 2019, por não concordar com os rumos da sigla em relação a uma possível dobradinha com Jorge Pozzobom (PSDB), retomou oficialmente o posto no final de setembro.
Progressistas e tucanos deram uma de Dilma e Temer
A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e o ex-vice e ex-presidente Michel Temer (MDB) foram os melhores parceiros no governo federal até quando os interesses convergiam. Mas bastou o apetite político falar mais alto e Temer arquitetar o impeachment de Dilma para os dois e seus aliados não se suportarem, a ponto de faltar o ar para respirarem no mesmo ambiente.
Pois não é que tucanos e progressistas deram uma de Dilma e Temer no episódio do vídeo do vice-presidente Marco Jacobsen, esquecendo que foram companheiros até bem pouco tempo. No vídeo, o vice critica “essa lei estúpida (do uso de máscaras), que foi sancionada por esse prefeito.” O interessante é que “esse prefeito” foi eleito com a ajuda do Progressistas. Aliás, o partido foi fundamental não só para levar Pozzobom ao segundo turno, como, também, para garantir sua vitória.
Pozzobom e Cechin terão mais tempo de rádio e TV
Com a munição oferecida por Jacobsen, os tucanos, especialmente, não perderam tempo e foram para redes sociais disseminar o vídeo com frases como “esses são os querem uma Santa Maria melhor?” e “Por causa de atitudes como esta, nossa cidade está com bandeira vermelha”. Mas “esses” não são os mesmos que estavam no governo até março e tudo ia bem? Tucanos e progressistas, não apostem tanto que o leitor/eleitor tem memória curta! Se ambas as campanhas adotarem esse tom, o eleitorado tenderá a se afastar das duas candidaturas.
Para recordar
Em 2002, Germano Rigotto (MDB) era o azarão da eleição e arrancou com 3% nas pesquisas. Nem o partido apostava as fichas na sua candidatura. A polarização entre Antonio Brito (à época no PPS) e Tarso Genro (PT) ficou tão insuportável e chata que o eleitor se cansou.
Enquanto eles brigavam, Rigotto aproveitou e se apresentou como a terceira via, com um slogan que pregava a união. O resultado final? O azarão virou governador. Fica a dica para as candidaturas que tendem a polarizar a campanha e para os outros prefeituráveis que pretendem se apresentar como terceira via.
Candidato sem adversário
O prefeito de São João do Polêsine, Matione Sonego (MDB), não vive um momento atípico de campanha só em virtude da pandemia, que impõe restrições para pedir voto. Mas, sim, por ser o único candidato ao Executivo no município da Quarta Colônia com pouco mais de 2,5 mil eleitores. Ou seja, ele precisará de um voto válido para ser reeleito. Bastará o dele, no caso. A coligação “Para continuar crescendo (MDB/Progressistas) tem como vice o vereador Milvo Vizzotto (Progressistas).
“É uma experiência totalmente diferente. Somando à questão da pandemia e da candidatura única, a campanha está muito diferente. Estamos, por enquanto, fazendo apenas campanha nas mídias sociais, não iniciamos campanha na rua. Estamos organizando material e esta semana teremos uma reunião para decidir qual será a estratégia de visitas, caso decidirmos por fazer visitas”, conta Matione e único candidato de Polêsine.
Fico por aqui, sexta-feira tem mais Giro do Paralelo 29.