Paralelo 29

Padre Sílvio deu alta e quer ser ouvido na Câmara de Itaara, diz novo advogado do prefeito

Foto: Reprodução, Facebook

Robson Zinn, que assumiu defesa do prefeito na comissão que pede o impeachment, diz que irá à Justiça se Câmara não quiser tomar depoimento

JOSÉ MAURO BATISTA – PARALELO 29

Internado no domingo (3) em Santa Maria depois de uma crise aguda de estresse, o prefeito de Itaara, Padre Sílvio Weber (sem partido), deu alta na noite desta quarta-feira (6) e está à disposição da Câmara de Vereadores para ser ouvido pela comissão que trata de um pedido de impeachment contra ele.

A informação é do advogado Robson Zinn, de Santa Maria, que assumiu a defesa do prefeito na comissão. Zinn disse ao paralelo29.com.br, que assumiu a defesa de Padre Sílvio nessa terça-feira (6).

“Ele não foi intimado das decisões da comissão. Domingo, ele comunicou a Câmara que foi internado, e na segunda-feira (5), a comissão encerrou a instrução sem ouvir o prefeito”, disse Zinn.

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Princípio da ampla defesa

O advogado reforçou que o prefeito quer depor e que o depoimento poderá ser tomado ainda esta semana. Caso, a comissão mantenha a decisão de não ouvi-lo mais, a defesa ingressará na Justiça para que o Poder Judiciário determine a oitiva de Padre Sílvio.

“É uma quebra do princípio da ampla defesa”, disse o advogado, que tem procuração apenas para o processo de cassação e não vai defender Padre Sílvio na Justiça.

A comissão processante tentou ouvir Padre Sílvio em três datas, mas o prefeito não compareceu em nenhuma. Na última data marcada, segunda-feira desta semana, ele estava hospitalizado.

Conforme Zinn, o prefeito foi internado no Hospital São Francisco, em Santa Maria, depois de uma crise de ansiedade. Ele deve retornar à Prefeitura nesta quinta-feira (7). Durante o período de internação, Padre Sílvio não passou o cargo para a vice-prefeita Tita Desconzi (sem partido).

“Ele não teve restrição, mas tem laudo médico de tudo. Ele realmente teve uma crise no domingo, e o tratamento regulou a ansiedade e o estresse dele”, disse Zinn.

Prefeito teve três oportunidades de depor e não foi, diz relator da comissão

O relator do pedido de cassação na comissão processante, André Burin (Progressistas) contesta as alegações de Weber e do novo advogado dele.

Se o Sr. Silvio Weber quisesse mesmo depor, ele teria feito isso em uma das três datas que disponibilizamos a ele quando o notificamos na terça-feira da semana passada, dia 28″, disse o vereador ao Paralelo 29, citando todas as tentativas.

“As datas disponibilizados a ele foram na quinta dia 30, sexta dia 01 ou na segunda anteontem dia 04, de forma derradeira em razão do prazo de 90 dias da Comissão estar próximo do fim e das reiteradas tentativas de protelar esse prazo por parte dele e de sua defesa. O fato é que além de não se apresentar em nenhuma dessas datas, ele ainda revogou a procuração que até então seus defensores tinham na sexta de tarde e apresentou novo representante somente ontem de tarde”, acrescentou Burin.

O relator afirmou ainda que a comissão processante não pretende voltar atrás. Ou seja, vai manter a decisão de encerrar a instrução do processo de cassação.

“A instrução foi encerrada ainda na segunda-feira após a Câmara de Itaara devidamente contratar um advogado dativo para acompanhar o depoimento dele que estava previamente marcado para 15h e foi realizado simultaneamente de forma presencial e virtual, em link que havia sido disponibilizado a ele anteriormente, mesmo sem sua presença”, completou Burin.

O vereador também ressaltou que o prefeito, mesmo internado, continuou despachando do hospital.

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Outro advogado atua na esfera criminal

O advogado do prefeito na esfera criminal continua sendo Bruno Paim. Sílvio Weber é acusado pelo Ministério Público (MP) de chefiar um esquema de corrupção na Prefeitura de Itaara, envolvendo licitações, desvio de recursos públicos e pagamentos indevidos.

O MP também acusa o prefeito de ser o mandante de um assalto à casa do então presidente da Câmara de Vereadores de Itaara Robertson Tatsch (PSB), conhecido como Mano Zimmermann.

Por conta das denúncias da Operação Santidade, deflagrada em novembro do ano passado, a Justiça afastou Padre Sílvio do cargo de prefeito pelo período de um ano. Ele retornou no final de novembro.

O pedido de cassação do mandato, protocolado em agosto na Câmara de Itaara, é embasado nas denúncias contra o prefeito. Ou seja, ele teria quebrado princípios do cargo. Padre Sílvio nega as acusações contra ele e diz que foi “vítima de tramas diabólicas”.

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Mobilização pelo impeachment

Moradores pró-impeachment protestam na Câmara de Itaara/Foto: Divulgação

O retorno de Padre Sílvio ao Executivo de Itaara é contestado por uma parcela da população que se organizou para pressionar os vereadores. Já houve três protestos na Casa.

Por meio de um grupo de WhatsApp, os itaarenses contrários à permanência de Padre Sílvio na Prefeitura, organizam as manifestações, que ocorrem todas as segundas-feiras nas sessões da Câmara de Vereadores. A comissão processante tem até este mês para levar o pedido de cassação a plenário. Se isso não ocorrer, o processo legislativo é encerrado.

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