JOSÉ MAURO BATISTA – PARALELO 29
Alvo de uma operação do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) em setembro deste ano, o prefeito afastado de Cachoeira do Sul, José Otávio Germano (Progressistas) renunciou ao cargo.
A carta de renúncia foi entregue ao presidente da Câmara de Vereadores de Cachoeira do Sul, Magaiver Dias (PSDB), na manhã desta quinta-feira (7). A vice-prefeita, Angela Schuh, que também é do Progressistas, assumirá o cargo.
““Meus sinceros agradecimentos, sem exceção, a todos os vereadores deste município”, diz a carta de renúncia entregue pelo agora ex-prefeito cachoeirense, que alegou questões de saúde.
“É o momento de cuidar de mim, da minha saúde, a minha renúncia é necessária ao meu tratamento”, conclui o documento enviado ao Legislativo Municipal.
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Operação Fandango
José Otávio Germano foi afastado do cargo em 28 de setembro, quando foi desencadeada a Operação Fandango, autorizada pela 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), instância que julga os prefeitos. Mandados de busca foram cumpridos na ocasião.
A Operação Fandango foi deflagrada em decorrência de denúncias envolvendo irregularidades em licitações, corrupção ativa e passiva, concussão (tipo de crime praticado por agente público) e crimes de responsabilidade.
Além dele, outros agentes públicos e empresários são investigados por envolvimento em licitações e negociações suspeitas envolvendo a Prefeitura de Cachoeira do Sul. Em outubro, vereadores cogitaram abrir um processo de cassação do então prefeito afastado.
Cocaína ou pó pelotense?
Durante o cumprimento de mandado na residência de José Otávio, a Polícia Civil e o MPRS disseram ter encontrado uma pequena porção de cocaína.
Em nota, no dia seguinte, o então prefeito disse que os agentes confundiram pó pelotense com a droga. Segundo Germano, ele usa pó pelotense em feridas e assaduras, por recomendação médica.
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Ascensão e queda do político de família tradicional
Membro de uma família tradicional e influente de Cachoeira do Sul, José Otávio Germano encerra, aos 61 anos de idade, uma longa carreira política iniciada em 1988, quando foi eleito vereador.
Formado em Direito, advogou e deu aulas como professor universitário. Porém, foi na política que ficou conhecido. Depois de ser vereador, emplacou dois mandatos de deputado estadual pelo então PDS (uma das siglas que antecedeu o atual PP) e quatro de deputado federal.
Também foi secretário estadual de Transportes no governo Antonio Brito (PMDB), entre 1997 e 1998, e de Justiça e Segurança Pública no governo de Germano Rigotto (PMDB), de 2003 a 2006. Nas eleições de 1998, quando Britto perdeu o governo para Olívio Dutra (PT), José Otávio era seu vice.
Condenado na Operação Rodin
Esta não foi a primeira vez que o político cachoeirense esteve envolvido em um escândalo. José Otávio Germano foi um dos investigados na Operação Rodin, que investigou uma fraude no Detran-RS, envolvendo fundações de apoio da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), empresas e agentes públicos, em 2007.
Em 2016, José Otávio foi condenado em uma das ações de improbidade administrativa decorrentes da Operação Rodin. No entanto, em relação à denúncia criminal, o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou a denúncia contra ele, em 2013, quando era deputado federal.
Em 2020, José Otávio foi eleito prefeito de Cachoeira do Sul com 31,68% dos votos. Ele derrotou Ségio Ghignatti (PL) e outros cinco concorrentes.