Advogado santa-mariense diz que perfil dos homicídios mudou muito nos últimos anos: “Antes era o crime da cancha de bocha”
Advogado criminalista de renome, Daniel Tonetto perdeu as contas de quantos júris fez em sua carreira jurídica. Não ter contado quantas vezes atuou o Tribunal do Júri “foi um erro”, segundo ele.
Dos tantos casos em que participou como advogado, um dos que mais marcou foi o júri de dois assaltantes acusados de matar um policial militar.
O júri popular ocorreu em 2010, e Tonetto atuou no caso como assistente de acusação, ou seja, auxiliando o Ministério Público a acusar dois réus que mataram o soldado Marcelo Rodrigues Centeno durante um cerco policial a criminosos que planejavam assaltar bancos na Região Central.
No confronto entre Brigada Militar e assaltantes, em 27 de dezembro de 2007, Centeno foi baleado na cabeça, no Passo do Verde, em Santa Maria. O soldado morreu dois dias depois.
“Foi um júri muito tenso. Lembro que chegou uma informação que eles (criminosos) iriam invadir o Fórum para resgatar aqueles réus (que estavam sendo julgados). Foi um momento de muita tensão, chamaram o BOE (Batalhão de Operações Especiais da BM), cercaram o Fórum. Lembro que um dia antes eu tive que sair da cidade. No final do júri tive que sair escoltado”, recorda Tonetto em sua participação no Podcast Estação 29, do paralelo29.com.br.
No final do julgamento, dois acusados do assassinato de Centeno foram condenados a penas superiores a 40 anos de prisão (para cada um). Devido ao risco por ter participado da acusação, Tonetto foi escolado pela Brigada Militar até um lugar seguro.
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Da briga na cancha de bocha ao tráfico: o que mudou
No Podcast, o criminalista que nasceu em São Sepé e se formou na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), relembra outros crimes em que atuou como assistente de acusação e como defensor.
Professor de Direito, além de advogado criminalista, Tonetto diz que os crimes de homicídios mudaram muito, pois atualmente a maioria tem relação com tráfico de drogas, casos que ele não pega para atuar como defensor. Sobre o perfil atual dos homicídios, o criminalista afirma categoricamente:
“Mudou, e muito. Eu recordo que quando era menino eu ia assistir júris, e depois, quando comecei o curso na UFSM. E naquela época era o crime da cancha de bocha, questão passional, ciúmes, muita questão ligada à divisa de terra. Hoje, infelizmente, as facções estão tomando conta e grande parte dos crimes é ligada ao tráfico de drogas”, diz.
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Outros casos
Na entrevista a José Mauro Batista e Rodrigo Dias, Tonetto lembrou de outros casos em que atuou representando familiares de vítimas de latrocínio (roubo com morte). O advogado também falou de outras atividades com as quais ocupa seu tempo, como escrever livros.
O episódio já está disponível nas plataformas do Paralelo 29 no Youtube e no Spotfy, onde você também poderá assistir outras entrevistas.
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