Pedido foi feito à 1ª Vara do Júri de Porto Alegre, que marcou sessão do novo julgamento dos réus para 26 de de janeiro de 2024
O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) e a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) pediram à Justiça de Porto Alegre a suspensão temporário do novo júri da Kiss, marcado para 26 de janeiro de 2024, até que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue recursos que estão na Corte.
O anúncio do pedido de suspensão foi feito em uma entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (11), com transmissão ao vivo no canal do MPRS no Youtube.
Depois da anulação, no ano passado, do primeiro júri (realizado no final de 2021), a instituição entende que é necessário esperar por uma decisão do STF sobre um recurso extraordinário. O pedido é da AVTSM e foi ratificado pelos representantes do MPRS.
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A medida foi interposta na 1ª Vara do Júri de Porto Alegre, sendo os próximos passos a determinação de prazos para as defesas dos quatro réus se manifestarem e a decisão da Justiça se o julgamento irá ocorrer no dia 26 de fevereiro de 2024.
A ideia do adiamento foi consolidada no mesmo dia em que o MPRS inaugurou, na semana passada, o espaço Bem-me-quer para atender vítimas. A AVTSM manifestou, em uma reunião, a preocupação de ocorrer o novo júri antes mesmo do STF julgar o recurso em tramitação.
O procurador-geral de Justiça, Alexandre Saltz, destacou que o objetivo é evitar um novo sofrimento das famílias e sobreviventes porque as vítimas precisam ser lembradas em um processo criminal.
“Então, vamos aguardar um pouco mais por uma decisão do STF e evitar que as famílias tenham a expectativa de que a justiça foi feita e depois uma grande frustração com nulidades que não foram levantadas no tempo e na forma corretas, nos trazendo à situação que estamos hoje. Mas também acreditamos nas revisões das decisões que anularam o processo. De qualquer forma, estamos preparados para um novo júri”, explicou Saltz.
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O que dizem os promotores
O coordenador do Centro de Apoio ao Júri (CAOJÚRI), promotor de Justiça Marcelo Tubino, também esteve na coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira e enfatizou a importância da manifestação final a respeito da última decisão, que foi condenatória. Por isso, ressalta que “a Suprema Corte se manifesta sobre isso e o MPRS está aqui para dar voz a estas famílias”.
Já a promotora Lúcia Helena Callegari, que atuou em plenário no júri de 2021 e que também fará a acusação no segundo julgamento, entendeu que os familiares e os sobreviventes não precisam passar “por tudo isso de novo se não houver necessidade”.
“Confiamos no júri anterior, não houve nenhum problema, e estamos convictos de que essa situação vai ser alcançada no STF, que é quem dá a última voz às decisões judiciais. Queremos aguardar isso”, disse.
O promotor Eugênio Amorim, que foi designado para atuar junto com Lúcia Helena, disse que o processo penal também é um direito das vítimas.
“O MPRS atende ao direito dos familiares e dos sobreviventes no sentido de que não seja necessário, talvez, após análise do STF, passar por um novo julgamento e repetir muito sofrimento”, afirmou.
A justificativa da AVTSM
O presidente da AVTSM, Gabriel Barros, ressaltou que um novo júri também não preocupa a entidade, mas o objetivo do adiamento é poupar os familiares e sobreviventes.
“ Queremos ppoupar nossa saúde, que está muito fragilizada. Essas situações nos ferem como uma radiação, já que a gente fica exposto à impunidade por muito tempo e os efeitos colaterais dela vêm à tona”, argumentou Barros.
O ex-presidente da Associação Flávio Silva também esteve na coletiva de imprensa e respaldou a decisão de pedir o adiamento do júri marcado para fevereiro do próximo ano.
“Agora temos um recurso, o MPRS está junto conosco, e é uma oportunidade de reverter esta decisão que anulou o primeiro júri. A ideia é poupar que passemos por tudo isso de novo e não temos mais tanta saúde para acompanhar tudo isso. Todos estão abalados e sofrendo com tudo isso”, explica Silva.
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Júri anulado
O júri de 2021, que condenou os quatro réus do processo, foi anulado em agosto do ano passado no Tribunal de Justiça do Estado devido a nulidades (ato praticado em desrespeito às formalidades legais) em plenário apontadas pelas defesas dos quatro réus.
A anulação foi mantida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, em setembro deste ano. Depois disso, foi marcada a nova data, para fevereiro de 2024.
Na ocasião, o MPRS divulgou que a acusação será feita pelos promotores Lúcia Helena Callegari e Eugênio Amorim, ressaltando mais uma vez a confiança na manutenção da condenação dos quatro réus.
No entanto, há três recursos extraordinários interpostos no STF: um do MPRS, outro da assistência de acusação e um terceiro do Ministério Público Federal (MPF). A ideia é que estes recursos sejam julgados no primeiro semestre do próximo ano, o que reforça o pedido de adiamento.
(Com informações do MPRS)