*Matéria atualizada às 20h:22min para acrescentar informação do PL de que mulher processada não é filiada ao partido, apesar de ter registros fotográficos vestindo a camiseta da sigla
Santa-mariense que compartilhou vídeo afirmando que ministro defendeu o Hamas
Após ser processada por compartilhar um vídeo sobre o suposto apoio ao Hamas pelo deputado federal licenciado Paulo Pimenta (PT), atual ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, uma bolsonarista de Santa Maria fez um acordo judicial e se retratou no Facebook.
Maria Aparecida Souza da Rocha, conhecida como Cida Rocha, publicou nesta segunda-feira (26), em seu seu perfil no Facebook, uma retratação em que se diz arrependida em relação ao conteúdo ofensivo ao ministro, no caso uma fake news. A publicação ocorreu em 12 de outubro do ano passado.
Em ato na Paulista, Bolsonaro pede anistia para condenados pelo 8 de janeiro
A retratação
“Reconheço meu erro ao disseminar essa informação falsa. Entendo o impacto negativo que a disseminação de notícias falsas pode ter nas pessoas envolvidas sinto muito que tenha causado alguma situação negativa e constrangedora quanto à imagem do Ministro por se tratar de acusação inverídica”, diz Cida Rocha no post de retratação (confira a íntegra, abaixo).
Em seu perfil no Facebook, Cida Rocha aparece em registros fotográficos de eventos do PL de Santa Maria, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Na procuração juntada ao processo, Cida Rocha é qualificada como “do lar”.
Apesar de aparecer vestindo a camiseta do PL em encontros da sigla, o presidente do partido, em Santa Maria, Marco Mascarenhas diz que Cida não é filiada, podendo ser “simpatizante”.
Vereadora Helen Cabral renuncia à Procuradoria da Mulher
Vídeo foi descontestualizado, diz advogada do ministro
De acordo com a advogada Andreia Militz de Castro Turna, que representa Paulo Pimenta, o vídeo compartilhado por Cida rocha “foi descontextualizado, apresentando um jogo de palavras que faz menção ao Hamas, apesar de o ministro Paulo Pimenta não mencionar o grupo no vídeo”
“Além disso, também é incluída data que não corresponde à data real de gravação e veiculação (feita anos antes), uma tentativa clara de fazer parecer que o apoio dado ao povo palestino anos antes seria um apoio às ações recentes do grupo Hamas”, diz a ação proposta no 6º Juizado Especial Cível de Brasília.
“A disseminação deste conteúdo desinformativo no contexto Conflito entre Israel e Palestina traz consequências claras, incluindo o potencial de minar a confiança na atuação do ministro e, por extensão, nas políticas públicas relacionadas à sua pasta. A propagação de desinformação pode gerar polarização e conflitos sociais, uma vez que as informações falsas é usada para alimentar debates ideológicos e criar
tensões desnecessárias entre diferentes grupos da sociedade”, frisa a advogada na ação.
PF prende suspeito de tentar invadir o Palácio da Alvorada
Outras ações
Segundo a advogada do ministro, Pimenta já processou diversas pessoas e obteve condenações, inclusive de pagamento de indenização.
No entanto, segundo Andreia Turna, no caso de Cida Rocha, houve acordo para que a militante se retratasse em suas redes sociais. Ela não terá que pagar indenização e o processo será encerrado.
O conflito entre Israel e Palestinos
O conflito entre Israel e Palestina é histórico e remonta há séculos. A partir do final da Primeira Guerra Mundial, com a criação do estado de Israel, a tensão se acirrou. Em 1987, surge o Hamas, um grupo extremista que prega a luta armada como forma de enfrentamento.
Em 7 de outubro do ano passado, o Hamas promoveu um ataque a um festival nas proximidades da Faixa de Gaza, deixando mais de 260 mortos, além de sequestrar pessoas.
Mais de 6 mil pessoas morreram na guerra entre Israel e Hamas
A posição do governo brasileiro
Esse ataque deu origem a uma guerra entre Israel e a Palestina com o pretexto de combate ao Hamas. Em 23 de outubro do ano passado, dia em que o vídeo de um suposto apoio de Pimenta ao Hamas foi publicado nas redes bolsonaristas, o ministro deu uma entrevista dizendo que o grupo palestino precisava ser responsabilizado pelos ataques a Israel.
Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou Israel, acusando o atual governo israelense de promover um “genocídio” de palestinos em Gaza.
Mais de 6 mil pessoas morreram na guerra entre Israel e Hamas
Polêmica e pedido de impeachment
As declarações de Lula geraram polêmica e uma reação de autoridades israelenses a ponto do presidente brasileiro ser considerado “persona non grata” em Israel. Também motivou um pedido de impeachment de Lula protocolado pela oposição, sobretudo por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na última sexta-feira (23), dez dias após a repercussão de uma entrevista em que comparou as ações militares israelenses no território palestino ao Holocausto contra judeus da 2ª Guerra Mundial, Lula voltou a falar publicamente sobre a guerra na Faixa de Gaza.
Lula classificou o conflito militar como genocídio e responsabilizou o governo de Israel pela matança que já vitimou cerca de 30 mil civis, principalmente mulheres e crianças palestinas.