ALESSANDRA CAVALHEIRO – JORNALISTA
Uma declaração do professor Paulo Artaxo, climatologista e membro do IPCC (The Intergovernmental Panel on Climate Change) é mais um alerta que tem a precisão da ciência da atualidade. Necessário, pois estamos às voltas com os cálculos dos prejuízos no Rio Grande do Sul e parte de Santa Catarina com as inundações de ordem colossal.
O que diz Artaxo: “É importante a ciência informar à sociedade brasileira de que nós estamos indo para uma trajetória de aumento médio da temperatura do nosso planeta da ordem de 3 graus a 3 graus e meio, mais do que o dobro do aquecimento observado até agora”. Veja, é uma nota quase técnica e clara como a neve.
Segundo anuncia o professor, temos duas missões: zerar o desmatamento da Floresta Amazônica o mais rápido possível e zerar a exploração e o consumo de combustíveis fósseis o mais rápido possível. Do contrário, tragédias como essas do Rio Grande do Sul se repetirão, cada vez mais frequentemente.
Veja a importância do alerta e, ao mesmo tempo, a distância que este assunto fica de muitas pessoas. Por interesses, falta de reflexão sobre a realidade, as causas fazem parte de uma cultura da sociedade baseada no descarte, nas grandes obras, explorações comerciais de todo o tipo.
A ganância ou a vida
Bem, agora fica mais claro que teremos apenas duas opções: a ganância ou a vida, nossa e dos nossos. Artaxo é enfático ao afirmar que “o clima vai continuar mudando no futuro para um clima com muito mais eventos climáticos extremos, como grandes secas e grandes inundações, que trazem um prejuízo socioeconômico enorme para a população, não só do Brasil mas do Planeta como um todo.”
Bem, agora mexeu com o bolso do país inteiro, porque realmente, ainda não sabemos a dimensão da tragédia (anunciada) em solo gaúcho.
E o cientista reafirma a única maneira de acabar com esse aumento dos eventos. “Zerar o desmatamento da Floresta Amazônica o mais rápido possível e acabar com a exploração de combustíveis o mais rápido possível.”
Ainda, Artaxo opina que “a sociedade brasileira deve pressionar a Petrobras, Ministério de Minas e Energia e, além disso, fortalecer o papel do Brasil nos fóruns internacionais. Com isso, poderá ocorrer a redução de emissões de gás de efeito estufa também no Planeta como um todo. Isso é uma tarefa urgente da sociedade brasileira”, avisa o estudioso do clima.
Pergunto: Até que ponto a sociedade brasileira tem consciência dos fatos reais? Já está um pouco tarde. Ainda não contabilizamos as mortes e os prejuízos, e sempre pode piorar. As previsões do tempo não têm sido boas.
Com a chuva seguida pelo frio, em abrigos, que problemas poderão ocorrer? Não é difícil prever. Acho que os políticos e autoridades negacionistas não são ignorantes quanto ao tema. Eles sabem muito bem o que pode acontecer com a sociedade, só não estão nem aí mesmo. E agora?