Paralelo 29

CRÔNICA DO ATHOS: Quando a imagem diz tudo

Foto: Gustavo Mansur, Palácio Piratini
ATHOS RONALDO MIRALHA DA CUNHA – ESCRITOR

A fotografia é o momento captado com exclusividade. No ângulo perfeito de um único olhar no exato instante. Essa a fotografia perfeita. E foi assim que ficou gravada em minha memória a foto do restaurante Casa do Peixe em Arroio do Meio. Um clique de Gustavo Mansur.

A bandeira Rio-Grandense, no alto do prédio, imponente diante da destruição. Esta é mais uma das imagens eternizadas pelas lentes e que permanecerão nos livros de história, para serem lembrados como recordamos as enchentes de 41.

São tantas as imagens que simbolizam a tragédia climática no Rio Grande do Sul. As águas inundando ruas e avenidas, as águas varrendo bairros do mapa, a aflição de homens e mulheres diante das casas tombadas, o cavalo Caramelo é um símbolo dessa tragédia por sua resistência silenciosa e persistente, cachorrinhos em passadas incertas nos telhados, um barco atravessando a galeria da Casa de Cultura Mario Quintana é bem ilustrativa.

Mas a Casa do Peixe em Arroio do Meio é significativa porque envolve a bandeira, bate forte o sentimento pátrio e o pertencimento. O símbolo do estado.

Aquela fotografia colorida nos traz muitas simbologias, mas as cores que quebram a moldura da foto são as cores verde, vermelho e amarelo.   

Tem algo de resiliência porque demonstra o renascimento. Significa a reconstrução que está no porvir.

Tem algo de Farroupilha porque representa a luta de tantos gaúchos e gaúchas que escreveram a história desses pagos. E não mediram esforços para tornarem-se grandes.

Tem algo “Esta terra tem dono!” porque nos diz que estamos no Rio Grande Sul. A terra de Sepé Tiaraju. E nela continuaremos residindo.

Enfim, aquela fotografia nos invoca a mais genuína alma gaúcha em meio a destruição. E com essa inspiração e a cooperação vinda dos mais longínquos lugares deste mundão de Deus o Rio Grande do Sul se reerguerá. Afinal, somos “mais uma estrela brilhante, na bandeira do Brasil”.

Neste momento de tristeza, somos gaúchos, brasileiros, latino-americanos… e terráqueos. Porque a conclusão é simples e diz respeito aos moradores do planeta Terra. O problema da tragédia do clima não é um privilégio do sul do Brasil.

Aqui está sendo intenso com as águas de maio de 24 e, se a humanidade não entender esse processo, logo estaremos fazendo campanhas humanitárias em outras paragens. Antes de apontarmos o dedo, devemos apontar soluções.

Em Arroio do Meio, em meio a destruição, há um estandarte avisando ao mundo: seguiremos.

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