FABIO S. VASCONCELOS – PSICÓLOGO CLÍNICO
A mulher cuja energia masculina predomina muitas vezes carrega em seu coração as marcas de uma infância moldada por influências complexas de pai e mãe.
Desde cedo, seu espírito foi esculpido pela necessidade de assertividade e autocontrole, frequentemente sob a sombra de um pai distante ou exigente.
Mas é na figura da mãe, que pode ter depositado nela suas próprias fragilidades, que se enraíza a responsabilidade precoce e a força inabalável.
Assim, essa menina aprendeu que precisava ser forte não apenas por si mesma, mas também por sua mãe, assumindo um fardo pesado demais para suas mãos ainda pequenas.
Quando adulta, essa mulher enfrenta uma vida onde as dificuldades se tornam rotina. A necessidade de provar seu valor em todos os contextos a faz atrair homens frágeis, que enxergam nela uma rocha firme, mas que exigem cuidado constante.
Nessa dinâmica, a exaustão emocional se instala, pois ela assume o papel de cuidadora, enquanto suas próprias necessidades são constantemente postas de lado, aguardando um alívio que raramente chega.
A origem dessa força desmedida e do desejo de carregar o mundo nos ombros muitas vezes reside na tentativa de atender às expectativas dos pais.
Desde a infância, a menina aprendeu a reprimir suas vulnerabilidades para proteger ou satisfazer a mãe, tornando-se aquela que nunca pode fraquejar. Essa repressão emocional se perpetua na vida adulta, levando-a a priorizar o bem-estar dos outros em detrimento do seu próprio.
A verdadeira cura não está em suprimir sua energia masculina, mas em harmonizá-la com sua energia feminina.
Ao abraçar tanto sua força quanto sua vulnerabilidade e ao libertar-se das expectativas que a moldaram, essa mulher pode finalmente deixar de carregar o mundo nas costas sozinha.
Ela pode, enfim, permitir-se ser cuidada, dividir o peso da existência, e viver de forma mais leve e equilibrada.
