Há necessidade de compra de vacinas, apontam autoridades
O diretor regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Europa, Hans Kluge, disse nesta terça-feira (20), em Genebra, que a mpox – independentemente de se tratar da nova variante 1, por trás do surto atual na África, ou da variante 2, responsável pela emergência global em 2022 – não configura “uma nova covid”. A doença, que se espalha, já chegou ao Rio Grande do Sul.
“Sabemos muito sobre a variante 2. Ainda precisamos aprender mais sobre a variante 1. Com base no que sabemos, a mpox é transmitida sobretudo através do contato da pele com as lesões, inclusive durante o sexo”, disse.
“Sabemos como controlar a mpox e – no continente europeu – os passos necessários para eliminar completamente a transmissão,” acrescentou o diretor da OMS.
O diretor regional da OMS lembrou que, há dois anos, foi possível controlar a doença na Europa graças ao envolvimento direto com grupos mais afetados, incluindo homens que fazem sexo com homens (HSH).
“Implementamos uma vigilância robusta, investigamos exaustivamente novos contatos de pacientes e fornecemos conselhos sólidos de saúde pública”, detalhou.
“Mudança de comportamento, ações não discriminatórias de saúde pública e vacinação contra a mpox contribuíram para controlar o surto [em 2022]”, disse.
“Mas, devido à falta de compromisso e de recursos, falhamos na reta final”, alertou, ao citar que a Europa registra, atualmente, cerca de 100 novos casos da variante 2 todos os meses.
Doença chegou ao Rio Grande do Sul
A Secretaria Estadual da Saúde (SES) do Rio Grande do Sul informou, nessa segunda-feira (19), que o estado tem cinco casos confirmados de mpox em 2024.
A doença, que anteriormente era conhecida como “varíola dos macacos”, é uma zoonose viral, ou seja, é transmitida entre pessoas e animais.
Segundo a SES, três casos foram diagnosticados em moradores de Porto Alegre. Outro caso é de um paciente residente em Gravataí, também na Região Metropolitana. O quinto caso foi identificado em Passo Fundo.
Ainda segundo a SES, todos os registros são da cepa anterior do vírus e não da nova variante que fez a OMS declarar emergência sanitária global.
Emergência global
Para Hans Kluge, a nova emergência global por mpox – provocada pela nova variante 1 – permite que o continente volte a se concentrar também na variante 2.
Dentre as ações destacadas por ele estão fortalecer a vigilância e o diagnóstico de casos e emitir recomendações de saúde pública, inclusive para viajantes, “baseados na ciência, não no medo, sem estigma e sem discriminação”.
O diretor OMS Europa destacou ainda a necessidade de aquisição de vacinas e medicamentos antivirais para os que mais precisam, conforme estratégias de risco.
“Em suma, mesmo que reforcemos a vigilância contra a nova variante 1, podemos – e devemos – nos esforçar para eliminar a variante 2 do continente de uma vez por todas”, preconizou.
“A necessidade de uma resposta coordenada, neste momento, é maior na região africana. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças na África declarou a mpox uma emergência continental pouco antes da declaração global feita pela OMS. A Europa deve optar por agir em solidariedade”, concluiu, ao citar ações imediatas para o que classificou como “momento crítico”, como também ações de longo prazo.
(Com informações de Paula Laboissière – Repórter da Agência Brasil – Brasília e da Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul)