Operação Dom Quixote, coordenada pela DP de Tupanciretã, conseguiu prender seis pessoas; saiba como funciona o golpe
JOSÉ MAURO BATISTA – PARALELO 29*
A Operação Dom Quixote, deflagrada pela Delegacia de Tupanciretã, chamou a atenção pelo fato de uma das vítimas do grupo de estelionatários alvo da ação policial ter perdido R$ 2 milhões. Morador de Jari, na Região Central, o idoso de 71 anos, caiu no chamado “Golpe do Amor”.
A vítima, que não teve o nome revelado, foi enganada por criminosos que se passavam por mulher nas redes sociais. Policiais de Delegacias de Santa Maria e região, de São Paulo e do Ceará foram às ruas nessa quarta-feira (28) para cumprir 13 mandados de prisão.
A políca conseguiu prender seis pessoas no Estado de São Paulo. Além de prisões na capital, os policiais localizaram investigados nos municípios de Santo André, Guarulhos, Ferraz de Vasconcelos e Osasco. Foram expedidos mandados para o Ceará, mas não há notícias de prisões.
A Dom Quixote foi coordenada pelo delegado Anderson Pedro Riedel, titular da Delegacia de Polícia de Tupanciretã, município vizinho a Jari.
As ações policiais dessa quarta envolveram 25 policiais de diversas DPs do Rio Grande do Sul, entre elas a Regional de Santa Maria. A força-tarefa reuniu ainda 14 policiais de São Paulo e quatro do Ceará.
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Caso ganhou destaque nacional com a Operação
O caso envolvendo o idoso de Jari ganhou destaque nacional. Segundo o G1RS e o portal de notícias Mix Vale, de Cruzeiro (SP), o esquema prometia relaciontos amorosos e presentes valiosos, como joias. Acreditando estar se relacionando com uma investidora norte-americano.
A suposta mulher prometia vir ao Brasil para conhecer pessoalmente o morador de Jari, segundo reportagem do G1RS. Em contrapartida, a vítima era convencida a realizar depósitos financeiros para cobrir supostos custos de alfândega, impostos e outras taxas associadas.
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ALVOS PREFERIDOS DOS GOLPISTAS
- Idosos
- Pessoas solteiras
- Pessoasl emocionalmente fragilizadas ou carentes de afeto
O MODUS OPERANDIS
- Criminosos criam perfis falsos de mulheres em redes sociais ou aplicativos de relacionamento
- Pesquisam potenciais vítimas, principalmente idosos e pessoas vulneráveis
- Iniciam um relacionamento virtual com textos bem elaborados para tentar enganar a vítima
- Criam histórias emocionais para pedir ajuda financeira
- Criam vínculos afetivos ao longo do tempo para facilitar o pedido de dinheiro
- Ora se passam por investidoras e prometem visitas e presentes valiosos, como joias, porém pedem transferências de dinheiro para pagar supostos custos alfandegários, impostos e taxas
COMO SE PREVENIR DE GOLPES VIRTUAIS
- Desconfie de perfis desconhecidos: Nunca compartilhe informações pessoais ou financeiras com pessoas estranhas na internet
- Verifique histórias suspeitas: Promessas de presentes caros e de visitas ou histórias envolvendo dificuldades financeiras devem ser verificadas com atenção
- Evite transferências financeiras: Nunca realize transferências de dinheiro para pessoas que você não conhece pessoalmente
- Não acredite em promessas: Não tem lógica alguém prometer presentes caríssimos e pedir para você pagar taxas e impostos para depois receber o que foi prometido
- Mantenha-se informado: Acompanhe notícias, reportagens e alertas da polícia sobre golpes e sobre as técnicas usadas por estelionatários
- Converse com a família ou amigos: Sempre que receber uma abordagem propondo algum relacionamento pela internet converse com familiares ou amigos
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Como o idoso caiu no golpe
De acordo com o portal Mix Vale, o golpe começou em 2022, quando o morador de Jari foi abordado em uma rede social pela suposta investidora americana.
Por meio de um perfil falso, o grupo criminoso manteve um relacionamento virtual com a vítima, prometendo visitá-la e enviar os presentes.
Com uma abordagem que explorava a confiança e os sentimentos da vítima, os criminosos a convenciar a transferir grandes somas. Segundo a Polícia Civil, o total enviado ultrapassou R$ 2 milhões. De acordo com os investigadores, essa prática, conhecida como “romance scam” ou “golpe do amor” é muito comum entre quadrilhas especializadas em estelionato virtual.
Quando se deu por conta que havia caído em um golpe, o morador de Jari procurou a Polícia Civil, que começou as investigações. Contudo, o idoso demorou a se dar conta e o golpe só foi descoberto dois anos após o início das transferências o que dificulta a recuperação do dinheiro.
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Sequência da Operação Falso Advogado
A Dom Quixote deu sequência à Operação Falso Advogado, deflagrada pela Delegacia de Polícia de Proteção ao Idoso e Combate à Intolerância (DPICOI) de Santa Maria em 1º de novembro.
Na Falso Advogado, que foi coordenada pela delegada Débora Aparecida Dias, policiais de Santa Maria e do Ceará prenderam duas pessoas, uma mulher e um homem. Um terceiro procurado continua foragido. Nessa operação agentes apreenderam nove celulaes e dois notebooks.
Os criminosos que aplicavam o golpe do Falso Advogao fizeram sete vítimas em Santa Maria usando os nomes de três escritórios de advocacia da cidade. O prejuízo chegou a R$ 25 mil.
No golpe do Falso Advogado os criminosos entravam em contato telefônico com as vítimas passando-se por advogados dos escritórios que as representavam em ações.
Os golpistas mentiam que a vítima havia ganhado a causa e pediam uma trasnferência bancária para pagamento das custas e para que a Justiça liberasse os valores. Quando o dinheiro entrava na conta dos estelionarários, eles sumiam.
(*Com informações da Polícia Civil de Tupanciretã e dos portais G1RS, G1SP e Mix Vale)