Outra advogada, um estagiário e três funcionários de financeira também são indiciados pela Delegacia do Idoso de Santa Maria
A Polícia Civil de Santa Maria concluiu o último dos 20 inquéritos decorrentes da Operação Golpe Duplo que investiga golpes contra pessoas idosas. Estima-se prejuízos de R$ 190 mil às vítimas.
A dona de uma financeira foi indiciada em 14 inquéritos. Já uma advogada foi indiciada em 12 inquéritos. Há outra advogada, um estagiário de Direito e três funcionários da financeira que também foram indiciados. Com exceção de um funcionário que responde por mentir sobre o caso, todos os outros foram indiciados por estelionato e associação criminosa.
Os inquéritos foram abertos pela Delegacia de Polícia de Proteção ao Idoso e Combate à Intolerância (DPICOI), que remeteu as peças à Justiça nessa quinta-feira (12).
Na seunda fase da Operação Golpe Duplo, policiais civis cumpriram mandados de busca e apreensão nas residências e locais de trabalho dos principais investigados.
De acordo com a DPICOI, foram três meses de trabalho exclusivo. A DPICOI chegou a montar um cartório dedicado somente à realização de diligências decorrentes de investigação.
COMO AGIAM OS ESTELIONATÁRIOS
Polícia explica o “modus operandi” dos criminosos:
- As investigadas ligavam para as vítimas idosas oferecendo o serviço de advocacia para ingressarem com ações judiciais para retirada de valores significativos que, supostamente, elas teriam direito
- As vítimas iam até o escritório de advocacia, que funcionava junto à empresa financeira e eram informados sobre o valor os honorários para ingresso da ação
- Como as vítimas não dispunham do dinheiro, os estelionatários ofereciam um empréstimo junto à financeira
- O empréstimo era realizado, muitas vezes com valor maior do que o que fora referido, mas o escritória não ingressava com as ações. Em alguns casos, houve vítima com mais de um empréstimo
- Quando as vítimas insistiam para saber sobre o processo, a investigada principal ingressava com uma ação, não necessariamente para o bojetivo contratado e sem documentação necessária, somente para justificar o contrato dos honorários
- Em alguns casos, houve uso de cartão de crédito, assimo transferências bancárias de valores de contas que as vítimas nem sabiam que existiam
- O dinheiro era transferido imediatamente para a conta das investigadas
O RESULTADO DAS INVESTIGAÇÕES
Delegacia do Idoso indiciou sete pessoas:
- Indiciamento de uma advogada de Santa Maria em 12 inquéritos por estelionato contraidosos e associação criminosa
- Indiciamento da proprietária de uma financeira em 14 inquéritos por estelionato contar idosos, associação criminosa e furto qualificado
- Indiciamento de uma segunda advogada por estelionato e associação criminosa
- Indiciamento de uma funcionária da financeira por estelionato e associação criminosa
- Indiciamento de outra funcionária da financeira em dois inquéritos por estelionato contra idoso, associação criminosa e furto qualificado
- Indiciamento de um estagiário de Direito por estelionato contra idoso e associação criminosa
- Indiciamento de um funcionário da financeira em dois inquéritos por falso testemunho
Varredura em celulares: Investigadas zombavam das vítimas
Nas análises dos telefones celulares apreendidos, em conversas entre elas, as principais investigadas chegavam a zombar das vítimas “pelo desconhecimento” acerca de cartões de créditos e contratos. As estelionatárias também abusavam da confiança das vítimas.
Conforme a delegada Débora Dias, que coordenou as investigações, as vítimas percebiam, muito tempo depois, que havaim caído em um golpe. Ainda há inquéritos policiais em tramitação na DPICOI. Esses inquéritos investigam fatos semelhantes com outras vítimas.
Para seduzir as vítimas idosas, o escritório de advocacia entrava em contato avisando que elas tinham valores significativos a receber e ofereciam os serviços advocatícios para ingressar com ações na Justiça. As vítimas faziam empréstimo na financeira, que funcionava em anexo ao escritório, para pagar os honorários. As ações não eram protocoladas.
“As vítimas eram ludibriadas, atraídas por valores significativos os quais supostamente acreditavam ter direito, sendo que sempre ficavam no prejuízo”, explica a delegada Débora.
(Com informações da Polícia Civil)