Paralelo 29

GERRI MACHADO: Rodovias Seguras ou rodovias de risco?

BR-392, em Santa Maria/Foto: Gerri Machado, Abur

O uso de tecnologias avançadas, como sistemas de monitoramento de tráfego, estão na lista de quesitos para dar segurança a uma rodovia

GERRI MACHADO – PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS USUÁRIOS DE RUAS, ESTRADAS E RODOVIAS (ABUR)

Que o Brasil é um País rodoviário já estamos cansados de saber, assim também como o fato de sermos um dos países que desponta no ranking de mortes trânsito. São mais de 30 mil mortes todo ano no trânsito. Milhares de outras pessoas sofrem sequelas ou têm prejuízos materiais com os acidentes. O custo para o sistema previdenciário e de saúde varia entre 2,5 e 5% do PIB do País.

O grande desafio mundial e do Brasil são rodovias mais seguras. As rodovias são artérias essenciais para a circulação de pessoas e mercadorias, desempenhando um papel crucial na economia e na mobilidade social.

O conceito de rodovias seguras vem sendo propagado no mundo e no Brasil. O DNIT aos poucos começa a realizar trabalhos com foco em melhorar a segurança das rodovias.

O que é uma rodovia segura?

Uma rodovia segura é aquela que minimiza os riscos de acidentes, protegendo tanto motoristas quanto pedestres. As características deste conceito, abrangem uma série de questões, como uma infraestrutura adequada que mantenha um pavimento de qualidade, sinalização clara e manutenção regular, design da via eliminando curvas, aclives e declives, entre outros.

A formação de motoristas e a conscientização da população a partir de campanhas de educação para o trânsito salientando a importância de respeitar as regras de trânsito podem reduzir significativamente os índices de acidentes.

O uso de tecnologias avançadas, como sistemas de monitoramento de tráfego e análise de dados, inteligência artificial, monitoramento da rodovia por câmeras, iluminação e socorro rápido em caso de sinistros também estão na lista de quesitos para dar segurança a uma rodovia.

Leis robustas e desafios

O Brasil tem um conjunto robusto de leis que regula o trânsito, se os órgãos de fiscalização tiverem estrutura de equipamentos e pessoal para desempenhar a fiscalização também vamos estar coibindo o mau motorista e os comportamentos que causam insegurança no trânsito.

Temos uma vasta malha rodoviária e enfrentamos grandes desafios como infraestrutura deficiente, alto número de acidentes de trânsito e falta de educação para o trânsito.

Muitas das nossas rodovias estão em condições precárias, com manutenção e sinalização inadequadas e que oferecem risco aos usuários.

Em muitos casos, nossas rodovias oferecem risco à população por uma série de exemplos que podemos levantar. É comum vermos obras de manutenção que recuperam o asfalto da via e não fazem a pintura ou colocação de placas de sinalização.

Os motoristas por sua vez, ao trafegarem por uma pista sem buracos acelerem seus veículos e com a falta de sinalização, acabam provocando acidentes como saída de pista, colisão frontal, ultrapassagem forçada, entre outros.

Curvas da morte

Outra questão, que chama a atenção é que em praticamente todos os estados existem curvas da morte, a rodovia que mais mata e a população pedindo obras para que pare de morrer gente em determinado ponto de uma via.

Na construção ou pavimentação de uma rodovia é comum vermos um exagerado número de curvas, incluindo algumas extremamente perigosas, acostamento estreito, a falta dele, sinalização deficiente, má qualidade da obra, desníveis e degraus na pista.

A falta de manutenção em acostamento, limpeza de rótulas e laterais da pista. A falta de sinalização identificando áreas de trânsito de pedestres ou ciclistas, passarelas e ciclovias é um dos fatores que também tornam as nossas rodovias de risco.

E claro, não podemos deixar de fora o usuário da via como um dos fatores que contribuem para que as rodovias sejam de risco. A falta de educação e de consciência por um trânsito mais seguro faz com que as pessoas se coloquem em risco e também as outras pessoas que usam a via. Não é por acaso, que a maioria dos acidentes de trânsito é por culpa do próprio motorista.

Desafios são grandes

Todas estas questões levantadas nos comprovam que ao invés de rodovias seguras temos rodovias de risco. Para sairmos do nível de rodovias de risco e chegarmos ao conceito de rodovias seguras temos que agir em muitas frentes, desde a elaboração do projeto, construção e manutenção da via, sinalização, manutenção e com educação para o trânsito.

Os desafios são grandes, mas o Brasil enfrenta um dos mais altos índices de acidentes e mortes no trânsito do mundo, o que nos obriga a agirmos já.

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