Paralelo 29

Ao nosso pai, José Lopes Andrade

Foto: Reprodução, Facebook
MICHELE, MAIQUEL, MICAEL, MICHEL E MANUELLE – FILHOS DE JOSÉ CARLOS LOPES ANDRADE *

“Hoje, 22 de fevereiro de 2025, faz um ano que perdemos não apenas um
pai, perdemos uma referência de vida, um conselheiro, um amigo! Não se
foi apenas um pai, um avô, um sogro; se foi um irmão, um tio, um
padrinho, um perseverante empreendedor que serviu de exemplo para
muitas pessoas”.

JOSÉ CARLOS LOPES DE ANDRADE era o mais novo dos seis filhos de Adão Silveira de Andrade e Eloy Lopes de Andrade. Nascido em 05 de fevereiro de 1953, na localidade de Banhados, interior de Santa Maria/RS.

Seu pai faleceu quando ele tinha apenas 10 meses de vida e sua mãe assumiu todas as responsabilidades familiares em uma época muito diİcil para quem vivia no interior e da agricultura.

Andrade teve uma infância muito pobre e sofrida ao lado dos irmãos, pois desde crianças precisaram trabalhar nas lavouras de arroz para ajudar a jovem e viúva mãe. Mesmo assim, lembrava com carinho das caças e pescarias junto aos Ɵos e irmãos.

E sempre salientou que sua mãe Eloy foi um exemplo de mulher batalhadora que transferiu aos filhos o valor da família, do respeito e do trabalho.

Aos 16 anos, foi enviado para uma escola agrícola em Júlio de Castilhos. E, aos 18 anos, foi servir o Exército no Quartel do Parque em Santa Maria, onde aprendeu a profissão de soldador e mais tarde se tornou serralheiro.

Construindo uma família e uma empresa

Em 1980 casou-se com Ana Maria com quem teve três filhos: Michele (43), Maiquel (39) e Micael (29). Em razão das dificuldades enfrentadas durante sua infância, Andrade sempre se dedicou intensamente ao trabalho, buscando proporcionar uma vida melhor aos filhos.

Sua ambição e objetivos eram muitos claros e, após 14 anos trabalhando na extinta SB, abriu sua própria serralheria, a tradicional Serralheria Andrade, em Camobi.

Com mais de 40 anos de história, a antiga serralheria atualmente deu lugar a Esquadrias Andrade e é administrada pelo filho Maiquel Andrade.

Laços afetivos

Em 1999, Andrade casou-se novamente e, da união com Vanilda, nasceu o filho caçula: Michel (24). Mesmo diante de um novo casamento, seu senso de união foi a base que manteve a família sempre unida, com suas ex-esposas e todos os filhos, incluindo Manuelle (fruto do segundo casamento de Ana e, portanto, irmã de seus três primeiros filhos).

Manu (21) era considerada e tratada como filha, pois Andrade sempre teve o desejo de adotar uma menina.

Um novo negócio

No ínicio dos anos 2000, sempre visionário e bom de negócios, Andrade resolveu se aposentar da serralheria, e passou a investir no ramo imobiliário, onde construiu os Condomínios Belo Horizonte I e II, entre outros imóveis.

Administrar, construir imóveis e estar em contato com os inquilinos passou a ser a sua paixão e objetivo de vida até o último suspiro, pois partiu enquanto realizava suas tarefas administrativas.

Seu exemplo de vida, de perseverança e profissionalismo foi seguido por filhos e sobrinhos que trabalharam junto a ele e depois abriram seus próprios negócios (a Serralheria Gomes, Serralheria Figueiró e Lopes Sul Serralheria), além daqueles que seguiram trilhar o caminho, também, no ramo imobiliário.

Raízes familiares

Embora tenha se tornado um empresário bem sucedido, Andrade sempre manteve a simplicidade e ligação com as raízes familiares no interior, onde gostava de pescar.

Sua origem humilde como filho de agricultores fez dele um apaixonado por planƟo e jardinagem. Os filhos lembram com orgulho do capricho do pai que tinha um hobbie muito trabalhoso: cuidar do seu jardim de flores, horta, arvoredo, cuidar de suas plantações de abacaxi, batata, milho e mandioca, além de manter um açude com peixes. E, pasmem, ele cuidava de tudo, sozinho!

Homem de fé

Andrade, embora fosse um gaúcho estressado por natureza (era um autêntico “Lope” dos miudinhos – expressão de família ao falar sobre os Lopes baixinhos, muito bravos e estressados), superou os desafios e adversidades por ser um homem de muita fé.

Era devoto de Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora Medianeira, sendo tradição familiar fazer a Romaria a pé – de Camobi ao Santuário da Medianeira, para agradecer as bênçãos alcançadas.

Foi um pai que sempre exigiu que os filhos trabalhassem e assumissem responsabilidades desde cedo, pois seu lema de vida era: “o trabalho dignifica o homem” e não podemos deixar faltar “o pão nosso de cada dia”.

Um pai raiz

Andrade foi um verdadadeiro pai raiz e que orientou os filhos à enfrentar os desafios da vida, a buscar independência financeira, além de dar liberdade de escolhas. Sua única exigência era que os filhos jamais se desentendessem, especialmente após sua partida.

E os irmãos, com orgulho, afirmam que têm cumprido fielmente o desejo do pai. E completam: “Não perdemos apenas um pai, perdemos uma referência de vida, um conselheiro, um amigo!

Não se foi apenas um pai, um avô, um sogro; se foi um irmão, um tio, um padrinho, um perseverante empreendedor que serviu de exemplo para muitas pessoas”.

Mas apesar da dor, da tristeza e da revolta, que nenhuma “justiça” irá curar, os filhos optaram por seguir a vida rodeados de boas lembranças e de todos os ensinamentos e orientações que o pai passou ao longo da vida.

A família, entre lágrimas e orações, prefere lembrar dos almoços, aniversários e churrascos em família e até dar boas risadas das brigas bobas existentes entre pai e filhos.

Dizem senƟr saudades das broncas do pai, que terminava com muito diálogo, pedidos de desculpas, lágrimas e belas risadas.


“O pai não era idoso, ele era vaIDOSO!”

Seu Andrade, mesmo sendo uma pessoa simples, sempre foi um homem vaidoso e de espírito jovem. De estatura baixa, corpo em forma, belos olhos azuis e dono de uma gargalhada super engraçada, manƟnha uma alimentação saudável e a prática de esportes.

Foi um gremista fervoroso e, mesmo ao longo de 71 anos, se considerava um jovem senhor galanteador que gostava de usar bons perfumes, arrumar os cabelos e usar camisas com calças jeans e tênis.

Gostava de estar entre pessoas jovens e se sentia “ofendido” quando chamado de idoso (fila ou estacionamento de idoso… jamais), pois ele sempre falava que se senƟa “um guri”.

Para os filhos, esse jovem vaIDOSO e cheio de vida deu lugar a um jovem anjo cheio de luz que, certamente, conƟnuará a iluminar os passos de sua família.

“Talvez, Deus esƟvesse precisando de um homem honrado e trabalhador ao seu lado, para dar o devido descanso a ele”.

Seus filhos acreditam que o pai viveu intensamente e cumpriu a sua missão na terra de um modo muito genuíno, realizando praticamente todos os seus desejos e sonhos.

E acrescescentam: “Agora nos resta seguir trabalhando para honrar o seu nome e dar conƟnuidade ao seu legado. E, em meio a dor, só podemos agradecer e dizer: ‘Descansa seu Andrade, você merece’

Com amor e muito orgulho, sua família: Michele, Maiquel, Micael e Michel (filhos); Manuelle
(filha do coração); Géssica e Carol (noras); Emily, Sophia, Yasmine e Samuel (netos) e nossas mães (Ana e Vanilda)”.

A família também aproveita para agradecer a todo profissionalismo e empenho da Polícia Civil, em especial, à equipe da Homicídios que, no ano passado, ainda sob o comando Delegado Marcelo Arigony, solucionou rapidamente o caso.

Também agradecem aos familiares, amigos, vizinhos, à imprensa e a todos que conheciam o seu Andrade e que prestaram homenagens, apoio e solidariedade à família.

*José Carlos Lopes Andrade foi vítima de homicídio em 22 de fevereiro de 2024. O caso foi considerado atípico porque o assassino foi diagnosticado com esquizofrenia. Reportagem do site Paralelo 29 conta como está o caso, que foi concluído em janeiro deste ano

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