JOSÉ MAURO BATISTA
Editor do Paralelo 29
Era outono ainda, creio. Não tô bem lembrado. Só sei que foi há uns dois anos que eu comecei a fotografar minhas caminhadas pelo Parque Itaimbé e imediações.
Nos primeiros clics, não pensei que iria me tornar um aficionado em fotografia. Afinal, sempre achei que fotografar não era o meu forte, apesar de ter a sensibilidade de reconhecer uma boa fotografia. E até então sempre me dei bem melhor com as palavras.
E não é que descobri essa paixão pela arte de fotografar. Fotografia não é tão somente técnica e bom equipamento. Requer também, e principalmente, a capacidade de percepção das coisas. Há fotógrafos e fotógrafos. E há fotos as mais diversas.
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Existem aqueles que fotografam bem um prédio, um ambiente, a natureza, uma pessoa. Há aqueles que buscam ângulos diferentes. E há aqueles que buscam tanto os detalhes como toda a composição de uma determinada paisagem. Fala-se que é preciso, sobretudo, talento.
Não sei se tenho talento para fotografar. O que posso dizer é que adoro sair com o celular mesmo e ir clicando o que achar interessante ou o que cruzar pelo meu caminho. Fotografar, como diz o gaúcho, virou minha cachaça.
E foi assim, clicando o verde e o colorido de plantas as mais diversas do Parque Itaimbé, que comecei essa guinada para a fotografia. Completei o ciclo das quatro estações.
Mais que isso, aprendi como é bom caminhar, perambular por Santa Maria, descobrir a cidade, sem a pressa do dia a dia.
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Moro em Santa Maria desde 1986 e já andei muito por esta cidade. Conheci lugares bastante visitados e outros até mesmo inóspitos, desconhecidos da maioria das pessoas que não caminham.
Durante quase três décadas, trabalhei em cartório e em veículos de comunicação da cidade.
Nos tempos de cartório, o máximo que aprendi nos fichários e livros gigantes do Registro de Imóveis foi nomes e localização de meia dúzia de edifícios famosos e de alguns prédios antigos com denominações esquisitas.
Foi graças aos veículos de comunicação em que trabalhei que tive a oportunidade de percorrer os quatro cantos de Santa Maria.
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Contudo, o trabalho diário de repórter e, na sequência como editor de jornal, também me “roubou” um tempo precioso, que tenho agora: o de aproveitar para caminhar pela cidade.
E tenho feito caminhadas, por enquanto em regiões mais centrais, nos bairros que integram a parte central de Santa Maria.
Nessas andanças vou fotografando tudo o que acho interessante, da rachadura que desenhou um mapa num muro, no Parque Itaimbé, a um detalhe numa janela de uma construção antiga.
Há coisas que a gente só vê caminhando. Há muitas Santas Marias. A pobre, a rica, a bonita e a feia. Tudo, evidentemente, dependendo de quem vê. E há uma Santa Maria que a gente não vê ou que faz de conta que não vê.
A partir desta crônica, começarei uma caminhada por essas muitas Santa Maria, sem tempo e hora para acabar, pelo menos até o próximo aniversário do município, em 17 de maio de 2022.
A ideia é construir uma crônica-reportagem em conjunto com outros caminhantes para publicações, em princípio, mensais.
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O objetivo: talvez nenhum, além de caminhar, desenferrujar as pernas e ajudar a despoluir um pouco a cidade.
Mas se alguém quiser estabelecer uma meta, que seja ela a de incentivar os santa-marienses a conhecerem melhor sua cidade.
Quem sabe a gente não cria um movimento tipo o SampaPé, mesmo que informal, do tipo combina e sai andando? Caminha, Santa Maria!
Quem quiser publicar fotos sobre a cidade é só escrever uma pequena história ou legendá-la e remeter para o email mauro@paralelo29.co