Em entrevista a jornalistas logo após sair do hospital, o presidente Jair Bolsonaro (sem parido), passou agora a cogitar o uso de um novo medicamento para a Covid-19: a proxalutamida.
Até agora ele defendeu a cloroquina e a ivermectina, que não têm eficácia alguma contra a doença, conforme estudos científicos.
O presidente informou que se encontrará na segunda-feira (19) com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para discutir a pandemia. Bolsonaro disse que vai pedir estudos no país sobre o medicamento.
Sem comprovação
A proxalutamida é um medicamento usado contra alguns tipos de câncer, como o de próstata. No entanto, ainda não há qualquer comprovação de uso com sucesso em pacientes com coronavírus.
Ouvida pela CNN, a infectologista Rosana Richtmann, do Hospital Emílio Ribas, afirmou que não há nenhum estudo publicado sobre o remédio como tratamento para o coronavírus.
“Não existe uma publicação em revista científica com o objetivo do uso desta droga, que é usada para o câncer, para Covid-19″, afirmou.
Bolsonaro diz que quem tem pânico tem mais chance de morrer
Bolsonaro disse que teve acesso a informações do Centro de Estudos de Doença (CDC) dos Estados Unidos que trata sobre mortalidade pela Covid.
“O que mais mata de covid, em primeiro lugar, é quem está com obesidade, em segundo lugar, quem está tomado pelo pavor ou pelo pânico”, disse.
Por fim, ele insistiu na tese de que “é preciso enfrentar o coronavírus”. A exposição ao vírus, inclusive, é uma das linhas de investigação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, instalada pelo Senado.
“Lembra que eu falava lá atrás que tem que enfrentar, não tem jeito, quem está com pânico ou com pavor, a chance (da covid-19) de evoluir para uma piora gravíssima é muito grande”, afirmou.
Reunião dos Três Poderes
Questionado, Bolsonaro também falou sobre a reunião com os chefes dos Três Poderes, que foi adiada em virtude da internação do presidente. Ele disse que o encontro deve ocorrer, e que “não tem nada de anormal” nessas reuniões, que servem para “acertar algumas coisas, trocar uma ideia”.
“O único chefe que não tem problema dentro da instituição sou eu, porque eu tenho ministro que nomeio”, disse Bolsonaro.
Conforme Bolsonaro, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, tem problemas porque “ali alguns pensam diferente dele”.
Da mesma forma, Bolsonaro avalia que os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM) também têm problemas.
“Eu sempre fui de paz e amor”
Depois, o presidente amenizou: “Nós vamos cada vez mais nos acertando em alguma coisa. Isso é para o bem do Brasil, e da minha parte, não tem briga, eu sempre fui de paz e amor. Eu respeito integralmente a Constituição”.
O presidente Jair Bolsonaro recebeu alta na manhã deste domingo (18) e conversou com jornalistas na saída do Hospital Vila Nova Star, na zona sul de São Paulo.
Durante a entrevista, Bolsonaro disse que retorna ao trabalho na Presidência nesta segunda-feira, tendo sua primeira agenda com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para tratar da covid-19.
Churrasquinho de costela
Sobre a internação, disse que quis ir embora desde o primeiro dia em que foi internado e que espera “daqui uns 15 dias estar comendo um churrasquinho de costela e qualquer negócio”.
Após a alta, além do acompanhamento médico, o presidente vai ter que seguir uma dieta, mas o próprio Bolsonaro admitiu que é um “péssimo exemplo em se tratando de dieta”.
A internação
O presidente foi internado na manhã do dia 14 no Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília, com uma crise persistente de soluços e mal-estar. Após exames, Bolsonaro foi diagnosticado com um quadro de obstrução intestinal.
No mesmo dia ele foi transferido para São Paulo por decisão do médico Antonio Macedo, responsável pelas cirurgias no abdômen do presidente, e internado no Hospital Vila Nova Star. Bolsonaro já está em Brasília.
(Com informações da Agência Brasil)