Paralelo 29

Pesquisadora formada na UFSM é a primeira brasileira a receber prêmio de prestígio em astrofísica

Foto: Arquivo Pessoal

Prêmio The Gruber Foundation Fellowship é destinado a jovens cientistas extremamente promissores, como é o caso de Marina Bianchin

Marina Bianchin,  egressa do Programa de Pós-Graduação em Física e do Grupo de Astrofísica da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), recebeu o prêmio The Gruber Foundation Fellowships.

O reconhecimento é destinado, anualmente, a jovens cientistas extremamente promissores em astrofísica e é financiado pela Fundação Gruber – uma fundação filantrópica que incentiva a pesquisa, premiando pesquisadores em diversas áreas – em parceria com a União Astronômica Internacional (IAU).

O prêmio de 25 mil dólares (cerca de R$ 120 mil) é destinado ao financiamento de pesquisa ou complementação salarial. Este ano, três candidatos conquistaram a bolsa: Mohit Bhardwaj, da Índia, Pooneh Nazari, do Irã e Marina Bianchin, sendo ela a primeira cientista brasileira a receber o prêmio desde a sua criação, em 2000.

Marina cursou Física, bacharelado, mestrado e doutorado na UFSM. Formou-se em fevereiro de 2016; no mestrado em 2018; e no doutorado em 2022. Em outubro de 2022, iniciou pós-doutorado na Universidade da Califórnia, em Irvine, nos Estados Unidos.

Atualmente trabalha com dados do telescópio espacial James Webb de galáxias luminosas no infravermelho. Sua aproximação com a área da pesquisa se deu em 2012, no primeiro ano da graduação quando foi contemplada com uma uma bolsa de Iniciação Científica.

A estudante foi orientada pelo professor Rogemar Riffel, na graduação e no doutorado. Riffel conta que trabalha com Marina desde o início de sua formação e comenta do empenho que sempre teve.

“Marina sempre demonstrou muito interesse pelo conhecimento e pela área, buscando se familiarizar com as técnicas e com a literatura específica. Na pós-graduação mostrou uma maturidade científica, comprometimento e um entusiasmo inspirador ao pela ciência.” diz. 

Marina conta que começou trabalhando com galáxias ativas e usou isso para aprender programação e ferramentas de análise de dados.

Depois do primeiro ano de Iniciação científica, ela e Gabriele Ilha, na época, também, graduanda de física, começaram analisar os dados de observações no infravermelho da galáxia em interação.

Ao mesmo tempo, ela também iniciou o estudo de aglomerados estelares jovens na Via Láctea, sob a orientação da, agora professora da Unipampa, Eliade Lima, que, na época, era pós-doutoranda do grupo.

No doutorado, Marina voltou a pesquisar galáxias ativas, focando na região central desses objetos e especificamente tentando entender como o gás se move nessas escalas. 

Toda a formação de Marina se deu por meio UFSM e hoje o vínculo que possui com a instituição é na participação em projetos com o grupo de astrofísica, que envolvem, principalmente, o telescópio espacial James Webb. Ela credita sua carreira e posição atual à UFSM.

“Com certeza eu não estaria onde estou sem a estrutura fornecida pela UFSM. Sou a primeira brasileira a receber esse prêmio, mas ser a primeira brasileira que teve praticamente toda a sua trajetória escolar na rede pública tem um peso ainda maior. Apesar dos constantes ataques e ameaças sofridos pelas instituições públicas de ensino superior no Brasil, a formação é equivalente à obtida por pessoas em grandes centros”, diz a cientista.

De olho nas galáxias

Buracos negros são objeto de estudo dos astrofísicos/Foto: Nasa, Divulgação

O doutorado de Marina teve o objetivo de estudar os ventos emitidos por Núcleos Ativos de Galáxias (AGNs), determinando suas propriedades físicas e investigando o impacto desses ventos na formação de estrelas e, consequentemente, na evolução de galáxias.

Hoje, sabe-se que a maioria das galáxias – inclusive a Via Láctea – possui um buraco negro supermassivo (de milhões a bilhões de massas solares), mas somente em algumas delas, o buraco negro está capturando matéria.

Ao capturar matéria, forma-se um disco de acreção – estrutura formada por materiais difusos em movimento orbital ao redor de um corpo central – no entorno do buraco negro que pode emitir grandes quantidades de energia. Esse fenômeno é chamado de Núcleo Ativo de Galáxia.

Para descrever a evolução de galáxias, os modelos cosmológicos devem incluir o efeito dos ventos produzidos no disco de acreção, durante as fases em que o buraco negro está capturando matéria.

O trabalho da Marina focou em determinar as propriedades físicas dos ventos de gás, que são os ingredientes dos modelos teóricos. 

Marina Bianchin também participou de um projeto que está em execução pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST), e atualmente está trabalhando com dados de outros projetos JWST na Universidade da Califórnia, nos Estados.

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