Paralelo 29

ZINN: Trocas de partido e fisiologia na política

Foto: Agência Câmara

ROBSON ZINN – ADVOGADO ESPECIALISTA E MESTRE EM POLÍTICAS PÚBLICAS

A questão de pertencer a um partido político deveria ser tratada com seriedade por aqueles que escolhem se envolver em uma agremiação partidária.

O comportamento fisiologista na política é preocupante, pois entre aqueles que se dedicam ao trabalho sério em prol da população, os fisiologistas são vistos como “oportunistas”.

Eles mudam de partido em busca de poder, mas o conceito de “poder” é complexo, com vários significados e implicações ortográficas, além de carregar interpretações subjetivas no contexto político.

Infelizmente, a realidade prática diverge desse ideal. Ter partidos políticos deveria ser como ter times de futebol, onde a mudança não é bem-vista.

No entanto, os próprios políticos introduziram a “janela da infidelidade” na legislação brasileira, demonstrando uma falta de seriedade no sistema.

Os eleitores também deveriam ser criteriosos ao avaliar candidatos que mudam de partido frequentemente, já que isso reflete interesses fisiológicos, em vez de ideológicos.

Em regra fazem isso em troca de favores. Um exemplo notório é a mudança na base política que anteriormente apoiava o governo Bolsonaro, que em questão de oito meses passou a apoiar o governo Lula. Isso é motivado, como mencionado no título do artigo, por interesses pessoais.

Um olhar histórico para o antigo Partido da Frente Liberal (PFL), que em 2002 mudou seu nome para DEMOCRATAS e, posteriormente, em 2021, passou por uma fusão resultando no UNIÃO BRASIL, revela a flexibilidade partidária. Esse partido, que deu sustentação ao regime militar, evoluiu de uma posição de direita para se adaptar a interesses políticos.

Contudo, essa transformação é guiada por um sistema em que ações e decisões políticas são negociadas em troca de favores e benefícios privados, muitas vezes em detrimento do bem público.

Essas práticas aberrantes desafiam a integridade. Uma das consequências mais alarmantes do fisiologismo é sua capacidade de obscurecer fronteiras morais.

Os envolvidos nesse comportamento perdem clareza sobre seus propósitos eleitorais e as verdadeiras metas de sua governança. Políticos que seguem essa abordagem clientelista, assemelhando-se a métodos do crime organizado, gradualmente perdem a capacidade de discernir o que é prejudicial.

Incapazes de conter o desejo egoísta e vazio de acumular poder, eles passam a ver a busca pelo poder como algo lícito em todas as circunstâncias.

Em resumo, a prática do fisiologismo político, caracterizada por mudanças de partido por interesses pessoais, mina a integridade do sistema político e prejudica a confiança dos eleitores.

Isso ressalta a importância de uma abordagem mais criteriosa na seleção de candidatos e de uma reflexão profunda sobre as implicações dessas práticas no cenário político atual.

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