Paralelo 29

Projeto polêmico sobre crianças terá que passar pela Comissão de Educação e Cultura

Foto: José Mauro Batista, Paralelo 29

Proposta, que tinha previsão de ser votada nesta terça-feira, não chegou a entrar na pauta porque requerimento de urgência apresentou problemas, segundo presidência

Assista aqui a sessão plenária desta terça-feira na Câmara de Vereadores de Santa Maria

O projeto de lei 9615/2023, de autoria da vereadora Roberta Leitão (PP), não foi à votação na Câmara de Santa Maria nesta terça-feira (19). O texto, que pretende proibir a destinação de verbas públicas para conteúdos que, segundo a autora, promovam a sexualização de crianças e adolescentes, deverá passar pela Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Lazer.

Havia, na ordem do dia, um pedido para que o projeto tramitasse em regime de urgência, para que fosse à votação nesta terça-feira. No entanto, o presidente da Casa, Givago Ribeiro (PSDB), disse que a tramitação do projeto de lei não seguiu o que diz o Regimento Interno da Câmara. Roberta contestou e disse ter sido prejudicada.

Já a vereadora Luci Duartes (PDT), Tia da Moto, conseguiu fazer com que o projeto seja remetido à Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Lazer para análise. Somente depois do parecer dessa comissão é que o projeto de lei 9615 estará apto a ser inserido na pauta de votação da Câmara.

O texto do PL 9615 foi discutido em uma reunião pública na noite de 4 de setembro. Na ocasião, grupos favoráveis e contrários à proposta fizeram intervenções na tribuna.

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O QUE DIZ O PROJETO DE LEI

  • Proíbe a utilização de verbas públicas, no âmbito do Município de Santa Maria/RS, em convênios, contratos, produções, espaços ou materiais que promovam, de forma direta ou indireta, a sexualização de crianças ou adolescentes

O QUE A PROIBIÇÃO INCLUI

  • Editais, chamadas públicas, prêmios, aquisições de bens e serviços vinculados ao setor cultural e outros instrumentos destinados à manutenção de agentes, espaços, iniciativas e cursos, desenvolvimento de atividades de economia criativa e de economia solidária
  • Produções audiovisuais, impressos, obras cinematográficas, músicas, áudios, desenhos e animações, entre outros, em qualquer formato ou meio de divulgação ou comunicação, ainda que didático, paradidático ou cartilha, ministrados, entregues ou dispostos a acesso de crianças e adolescentes
  • Espetáculos, apresentações de manifestações cultuais, bem como a realização de atividades que possam ser transmitidas por televisão, rádio, internet ou disponibilizadas por meio de redes sociais ou outras plataformas digitais
  • Espaços públicos ou artísticos culturais privados, patrocinados ou mantidos, mesmo que parcialmente, pelo Poder Público Municipal
  • Cedências e empréstimos de bens, equipamentos, estruturas ou recursos humanos vinculados ou de propriedade do Município
  • Promoção à sexualização: todo tipo de material ou produção que contenha nudez, erotização, insinuação sexual, carícia sexual, relação sexual, masturbação, linguagem chula ou de conteúdo sexual ou simulações de sexo, de acordo com o Sistema de Classificação Indicativo do Ministério da Justiça ou norma equivalente que venha a substituí-lo

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De acordo com a vereadora, o projeto foi desenvolvido “de forma colaborativa, considerando diversas perspectivas da sociedade”.

Na justificativa, Roberta Leitão afirma que a proposta “busca valorizar a infância e a adolescência, visando combater a pedofilia, a sexualização precoce, e criando mecanismos que possam coibir a prática dessas condutas delituosas”.

Ainda segundo Roberta, “cabe à família a obrigatoriedade da formação dos filhos no que tange ao conceito de sexualidade e a condução do tema junto a crianças e adolescentes”.

A proposta prevê punições pesadas para o descumprimento das normas. As multas variam de R$ 13 mil a R$ 435 mil. Além disso, prevê a devolução da verba e a proibição de firmar contratos ou convênios com o Município de Santa Maria por oito anos consecutivos.

Coletivos de artistas e movimentos sociais que incluem entidades como o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) questionam a constitucionalidade da proposta. E também criticam o mérito, alegando, entre outras coisas, o fato de as estatísticas mostrarem que grande parte dos abusos de crianças e adolescentes acontecem dentro de casa.

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