Marcelo Mendes Arigony, da Delegacia de Homicídios, instaurou inquérito criminal para investigar 6 óbitos nas duas cidades
JOSÉ MAURO BATISTA – PARALELO 29*
Conhecido nacionalmente em 2013 por investigar o incêndio que matou 242 pessoas na boate Kiss, em Santa Maria, em 2013, o delegado Marcelo Mendes Arigony, vai investigar seis mortes da tragédia climática em Santa Maria e em Itaara.
Um dos inquéritos investiga as mortes de duas famílias, ocorridas na semana passada, quando deslizamentos atingiram as casas em que moravam.
Na Rua Canáerio, no Morro do Cechella, no Bairro Itararé, morreram Liane Ulguin da Rocha, de 45 anos, e a filha dela, a adolescente Emily Ulguin da Rocha, de 17.
Já no Distrito de Arroio Grande, na zona rural de Santa Maria, as vítimas foram Josemar Eduardo Lemos, de 35 anos, a mulher dele, Adriana Trindade de Oliveira, de 40, e o filho do casal, Miguel Eduardo de Oliveira Dias, de apenas 1 ano.
Em Itaara, Arigony investiga a morte de Elizane Milani Buss, de 47 anos, que também residia em uma área de risco atingida pela chuvarada. Elizane foi a primeira vítima fatal da enchente na Região Central e uma das primeiras do Rio Grande do Sul.
Prazo para investigações é de 30 dias
Titular da Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP), Arigony é o responsável por investigar mortes acidentais, como os deslizamentos.
Segundo disse ao Paralelo 29, o prazo para conclusão dos inquéritos é de 30 dias. Contudo, o encerramento das investigações dependerá de laudos do Instituto Geral de Perícias (IGP).
As investigações compreendem perícias nas áreas em que ocorreram os deslizaentos. No caso do Morro do Cechella, já foram feitas duas incursões na área. Uma filmagem com drone vai ajudar o IGP a mapear as condições reais da localidade.
“Todos os fatos relativos a desaparecidos e mortos vêm para a nossa Delegacia. E coo houve mortes, a gente instaura inquérito policial para buscar todos os elementos que possam ajudar a esclarecer o que ocorreu”, explica o delegado.
Em princípio, as investigações preliminares apontam para “uma causa natural por conta do desmoronamento causado pela chuva”.
Outras Delegacias da Região Central apuram as mortes ocorridas nos municípios de Silveira Martins, Pinhal Grande e São João do Polêsine, todos localizados na Quarta Colônia.
MORTES NA REGIÃO CENTRAL
ITAARA
- Elizane Milani Buss, de 47 anos, morreu na terça-feira (30), vítima de desmoronamento
SANTA MARIA
- Liane Ulguin da Rocha, de 45 anos, morreu na quarta-feira (1º), vítima de deslizamento de terra na Rua Canário, Bairro Itararé, região do Morro do Cechella
- Emily Ulguin da Rocha, de 17 anos, vítima de deslizaento de terra na Rua Canário, Bairro Itararé, região do Morro do Cechella
- Josemar Eudardo Lemos, de 35 anos, vítima de deslizamento na Vila do Sossego, na estrada de Rincão dos Minello, Distrito de Arroio Grande
- Adriana Trindade de Oliveira, de 40 anos, vítima de deslizamento na Vila do Sossego, na estrada de Rinca dos Minello, Distrito de Arroio Grande
- Miguel Eduardo de Oliveira Dias, de 1 ano, vítima de deslizaento na Vila do Sossego, na estrada de Rincão dos Minello, Distrito de Arroio Grande
SÃO JOÃO DO POLÊSINE
- Edna Neves Ferreira, de 15 anos, morreu na quarta-feira (1º), vítima de um deslizamento de terra
SILVEIRA MARTINS
- Olide Pierina Brondani, de 85 anos, vítima de desmonoramento
PINHAL GRANDE
- Rejane Maria Viera, de 48 anos, vítima de deslizamento na localidade de Gringhinha, em 1º de maio. Ela foi encontrada dois dias depois. O marido dela, Renato Moreira Fernandes, de 41 anos, continua desaparecido
VÍDEO: Assessora de vereador orienta moradores de áreas de risco a “não assinarem nada”
Prefeitura faz novas vistorias em áreas de risco
A Prefeitura de Santa Maria voltou, nesta quinta-feira (9), a vistoriar áreas de risco. Na Estrada do Perau, no Bairro Campestre Menino Deus, servidores reiteraram que há “risco de movimento de massa”. Há uma semana, a via foi interditada após registros de deslizaentos de terra, de queda de árvores e de pedras soltas por conta da enchurrada.
A via segue totalmente bloqueada por tempo indeterminado. Próximo da via há um arroio afluente do Rio Vacacaí-Mirim.
Seridores da Defesa Civil e de outros órgãos da Prefeitura estão monitorando todos os locais que apresentam risco. Na terça-feira (7), o Paralelo 29 acompanhou ações da Defesa Civil na Rua Canário e na Vila Nossa Senhora Aparecida (Churupa), no Bairro Itararé.
POZZOBOM: “A gente está implorando para que saiam das áreas de risco
Outros locais poderão entrar na lista
Também estão na lista de locais com riscos de deslizamento de terra a Vila Burger e a Vila Pércio Reis, também no Bairro Itararé. Houve, ainda, retirada de moradores da Vila Bilibio, no Bairro Km 3. Nesses locais, a Defesa Civil está interditando áreas e avisando moradores para saírem de casa.
“As vistorias e o monitoramento da Defesa Civil são fundamentais para a prevenção e gestão de desastres em áreas de risco geológico e hidrológico, pois ajudam a salvar vidas e a reduzir danos às propriedades e ao meio ambiente”, ressalta o superintendente da Defesa Civil, Adão Lemos.
Conforme a Prefeitura, as vistorias e estudos estão em andamento e podem incluir novas vias ao longo dos próximos dias.
As vistórias técnicas têm a participação do Laboratório de Geologia Ambiental do curso de Geografia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Os dados coletados pelos técnicos irão respaldar a elaboração de laudos e soluções técnicas e, também, embasar os projetos executivos de obras, como a contenção de encostas.
Santa Maria teve dois projetos aprovados pelo governo federal para receber R$ 33,6 milhões. Os recursos ão para obras na Rua Canário e na Churupa.
(*Com informações de Lenon de Paula – da Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Santa Maria)