Paralelo 29

CNJ ordena reintegração de desembargador que foi juiz em Santa Maria

Loraci Flores de Lima/Foto: Sylvio Sirangelo/TRF4

Loraci Flores de Lima e outros colegas retornarão ao trabalho

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu reintegrar a suas atividades os desembargadores Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz e Loraci Flores de Lima, do Tribunal Regional Federal da 4a Região (TRF4). Eles haviam sido afastados em 15 de abril por causa de investigações sobre irregularidades da Operação Lava Jato.

Os dois são suspeitos de não ter cumprido ordens do Supremo Tribunal Federal (STF) na condução de casos ligados à operação.

O desembargador Loraci Flores de Lima foi juiz da Justiça Federal em Santa Maria durante anos. Um dos principais processos em que ele trabalhou foi a Operação Rodin, que investigou uma fraude envolvendo o Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS) e fundações de apoio da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

QUEM É LORACI FLORES DE LIMA

QUEM É LORACI FLORES DE LIMA

  • Natual de Santa Maria, tem 56 anos
  • Formado em Direito pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em 1990
  • Ingressou na Justiça Federal como juiz em 1993, tendo atuado nas cidades gaúchas de Santo Ângelo, Santa Maria, Bagé, Cruz Alta, Uruguaiana, Cachoeira do Sul e Porto Alegre
  • Em Santa Maria, Loraci foi responsável pelo julgamento de réus da Operação Rodin, delfagrada em 2007 para investigar uma fraude milionária nos cofres do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). O esquema atingiu fundações de apoio da UFSM, empresas e políticos
  • Tabém trabalhou nas cidades de Joaçaba e Caçador, em Santa Catarina
  • Presidiu a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do RS
  • Em novembro de 2022, Loraci foi nomeado para o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4)

Enchente e necessidade de pessoal no RS motivou decisão

No início de junho, foi aberto processo administrativo disciplinar (PAD) para apurar as supostas violações, seguindo indícios apontados pelo corregedor nacional de Justiça, Luís Felipe Salomão.

O relator do PAD é o conselheiro Luiz Fernando Bandeira de Mello, que levantou uma questão de ordem para sugerir o retorno dos desembargadores a suas funções. A proposta foi julgada no plenário virtual do CNJ e aprovada de forma unânime.

Bandeira de Mello apontou o surgimento de “fatos novos” que justificam o retorno dos magistrados, entre os quais o desastre climático e a calamidade pública que atingem o Rio Grande do Sul, onde fica a sede do TRF4, na capital Porto Alegre.

O conselheiro apontou que a sede do tribunal foi severamente atingida pelos alagamentos, o que resultou na desativação dos sistemas eletrônicos e suspensão de prazos processuais. Ainda não há previsão para que o funcionamento da Justiça Federal seja normalizado, destacou.

“É notório que o retorno à normalidade das atividades do Poder Judiciário da região dependerá do esforço de todos os membros”, escreveu Bandeira de Mello.

Fatos já foram apurados

Ele também argumentou que os fatos investigados já foram apurados, incluindo a coleta de depoimentos de servidores dos respectivos gabinetes, e que tudo foi feito “sem a interferência dos magistrados investigados”, motivo pelo qual não haveria mais risco às investigações.

Além de Thompson Flores e Loraci Flores de Lima, também são alvos de PAD os juízes Danilo Pereira e Gabriela Hardt, que atuaram na Lava Jato como membros da 13ª Vara Federal em Curitiba, instância original da operação.

Por Felipe Pontes – Repórter da Agência – Brasília

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