Paralelo 29

Casas amarelas da Barão do Triunfo, em Santa Maria, apresentam sinais de abandono e vandalismo

Foto: Paralelo 29

Residências que formam um conjunto habitacional da primeira metade do século passado teriam sido invadidas

JOSÉ MAURO BATISTA – PARALELO 29

Uma conversa na Praça Saldanha Marinho levou o Paralelo 29 a conferir a situação de um conjunto de casas de alvenaria conhecidas como casas amarelas, na Região Centro Urbano de Santa Maria. Algumas das oito casas históricas apresentam sinais de invasão e vandalismo.

O conjunto habitacional, que segue um mesmo padrão de construção fica localizado na Rua Barão do Triunfo, entre a Rua dos Andradas e a Rua Silva Jardim, no Bairro Bonfim, no limite com o Bairro Rosário, na região Centro Urbano de Santa Maria.

Homem relatou ter entrado em uma das casas para dormir

Tudo começou quando um homem aparentando 50 anos reclamava a outro que estaria sendo perseguido por “estar morando” em uma das “casinhas amarelas da Barão do Triunfo”.

A reportagem se interrou na conversa e perguntou ao homem, que não quis se identificar por meio de represálias.

“Invadiram as casas. Tem realmente drogados lá, usuários, mas eu não uso drogas. A Brigada Militar já esteve por lá. Eu entrei em uma delas para dormir porque não tenho onde morar, mas não sou usuário de drogas, nem de crack nem de bebida”, disse o homem.

Ele contou que já não estava mais indo para a casa que invadiu depois que dois homens que se diziam da vizinhança terem ido até o local para afugentar os invasores.

Moradores da região têm medo

A partir dessa informação, o Paralelo 29 conversou com alguns moradores da região. Um comerciante da região comentou que as casas estariam abandonadas há mais de ano.

Outros moradores da região foram ouvidos e disseram não saber quem eram os donos. Eles confirmaram que algumas das residências teriam sido invadidas. A pedido das fontes, nenhuma delas será identificada pela reportagem, pois muitos moradores têm medo.

Há sinais de vandalismo e vestígios de presença humana, como colchões e lixo, além de janela e porta arrancadas

Durante a semana, a reportagem do Paralelo 29 passou pelo local em duas ocasiões. Em nenhuma delas havia gente nos imóveis. Mas foi possível perceber que praticamente todas as oito casas estavam fechadas.

Pelo menos três apresentavam sinais de vandalismo e vestígios da presença recente de pessoas. Em uma delas, a porta estava aberta e havia um colchão de muito lixo. Em outra, a janela foi arrancada. Nas duas vezes em que a reportagem foi ao local a situação estava do mesmo jeito.

Algun pátios têm grama alta, o que indica que não há moradores. Na segunda passada, foi possível notar que alguns portões estão com cadeados e algumas portas com trancas.

Também há placas de uma empresa avisando que o local é monitorado. Essas casas eram as únicas em que não havia sinais de vandalismo ou de ocupação. O Paralelo 29 não conseguiu localizar os proprietários ou o proprietário atual das casas.

Prefeitura foi procurada

Na sexta-feira (7), o Paralelo 29 procurou a Secretaria de Assistência Social para saber se a pasta tinha alguma informação sobre a presença de moradores de rua e usuários de drogas no local.

O secretário Juliano Soares, Juba, disse que nenhuma denúncia havia chegado ao órgão. No entanto, ele demonstrou preocupação e iria buscar informações a respeito da situação.

O Paralelo 29 também procurou o secretário de Segurança de Ordem Pública, Getúlio de Vargas, mas ele estava em reunião. Em contato com um assessor, a reportagem foi informada de que não havia nenhuma denúncia ou reclamação de moradores da região. Porém, da mesma forma, o assessor levaria o caso ao conhecimento do titular da pasta.

Canal de arquitetura fez relato histórico em 2021

Em um vídeo postado no Youtube em janeiro de 2021, o canal Arquitetura Urbana Abandonada fez um relato da situação das casas amarelas. Confira o vídeo acima.

Conforme os arquitetos, os conjuntos residencais da Rua Barão do Triunfo foram construídos entre os anos 1930 e 1950, entre as ruas Silva Jardim, Andradas e Venâncio Aires, no Bairro Bonfim.

O primeiro conjunto, que fica entre a Silva Jardim e Andradas, que é o tema desta reportagem, foi construído entre 1930 e 1935 e compõe-se de oito casas com cobertura de telhas colonais e acabamento externo com reboco texturizado.

Essas casas foram construídas originalmente pela família Schimid, e representam, assim como outros empreendimentos da época, um design de construção popular muito comum em Santa Maria até a metade do século XX.

Esses conjuntos residenciais correspondiam aos atuais condomínios e tinham como objetivo atender a demanda por moradias populares “em razão do grande aumento populacional proporcionado pelo movimento ferroviário na cidade”.

O primeiro do tipo é a Vila Belga, construída em 1906 pela empresa que implantou a ferrovia e que serviu de moradia para seus funcionários e ferroviários.

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