Paralelo 29

CRÔNICAS DE UM CAMINHANTE: A Santa Maria que a gente nem sempre vê

Detalhe das torres da Catedral Metropolitana de um ângulo diferente/Foto: José Mauro Batista, Paralelo 29

JOSÉ MAURO BATISTA

Editor do Paralelo 29

Era outono ainda, creio. Não tô bem lembrado. Só sei que foi há uns dois anos que eu comecei a fotografar minhas caminhadas pelo Parque Itaimbé e imediações.

Nos primeiros clics, não pensei que iria me tornar um aficionado em fotografia. Afinal, sempre achei que fotografar não era o meu forte, apesar de ter a sensibilidade de reconhecer uma boa fotografia. E até então sempre me dei bem melhor com as palavras.

Passeio no Parque Itaimbé, verão de 2021/Foto: José Mauro Batista, Paralelo 29

E não é que descobri essa paixão pela arte de fotografar. Fotografia não é tão somente técnica e bom equipamento. Requer também, e principalmente, a capacidade de percepção das coisas. Há fotógrafos e fotógrafos. E há fotos as mais diversas.

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Existem aqueles que fotografam bem um prédio, um ambiente, a natureza, uma pessoa. Há aqueles que buscam ângulos diferentes. E há aqueles que buscam tanto os detalhes como toda a composição de uma determinada paisagem. Fala-se que é preciso, sobretudo, talento.

Não sei se tenho talento para fotografar. O que posso dizer é que adoro sair com o celular mesmo e ir clicando o que achar interessante ou o que cruzar pelo meu caminho. Fotografar, como diz o gaúcho, virou minha cachaça.

Detalhe do monumento do padre Marcelino Champagnat, à noite, na Praça Roque Gonzales (Praça do Caridade), na Avenida Presidente Vargas/Foto: José Mauro Batista, Paralelo 29

E foi assim, clicando o verde e o colorido de plantas as mais diversas do Parque Itaimbé, que comecei essa guinada para a fotografia. Completei o ciclo das quatro estações.

Mais que isso, aprendi como é bom caminhar, perambular por Santa Maria, descobrir a cidade, sem a pressa do dia a dia.

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Moro em Santa Maria desde 1986 e já andei muito por esta cidade. Conheci lugares bastante visitados e outros até mesmo inóspitos, desconhecidos da maioria das pessoas que não caminham.

Durante quase três décadas, trabalhei em cartório e em veículos de comunicação da cidade.

Nos tempos de cartório, o máximo que aprendi nos fichários e livros gigantes do Registro de Imóveis foi nomes e localização de meia dúzia de edifícios famosos e de alguns prédios antigos com denominações esquisitas.

Detalhe da janela do Sobrado Centro Cultural, que está sendo restaurante para sediar a TV Ovo. O casarão é de 1916 e fica na Floriano Peixoto, esquina com a Ernesto Becker,, no limite entre os bairros Centro e Rosário/José Mauro Batista, Paralelo 29

Foi graças aos veículos de comunicação em que trabalhei que tive a oportunidade de percorrer os quatro cantos de Santa Maria.

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Contudo, o trabalho diário de repórter e, na sequência como editor de jornal, também me “roubou” um tempo precioso, que tenho agora: o de aproveitar para caminhar pela cidade.

E tenho feito caminhadas, por enquanto em regiões mais centrais, nos bairros que integram a parte central de Santa Maria.

Nessas andanças vou fotografando tudo o que acho interessante, da rachadura que desenhou um mapa num muro, no Parque Itaimbé, a um detalhe numa janela de uma construção antiga.

Rachadura em muro no Parque Itaimbé formou a figura de um mapa. O cão vigia guarda o local tomando sol/Foto: José Mauro Batista, Paralelo 29

Há coisas que a gente só vê caminhando. Há muitas Santas Marias. A pobre, a rica, a bonita e a feia. Tudo, evidentemente, dependendo de quem vê. E há uma Santa Maria que a gente não vê ou que faz de conta que não vê.

A partir desta crônica, começarei uma caminhada por essas muitas Santa Maria, sem tempo e hora para acabar, pelo menos até o próximo aniversário do município, em 17 de maio de 2022.

Catadora de lixo reciclável carregando seu carrinho: cena cada vez mais comum nas ruas de Santa Maria/Foto: José Mauro Batista, Paralelo 29

A ideia é construir uma crônica-reportagem em conjunto com outros caminhantes para publicações, em princípio, mensais.

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O objetivo: talvez nenhum, além de caminhar, desenferrujar as pernas e ajudar a despoluir um pouco a cidade.

Mas se alguém quiser estabelecer uma meta, que seja ela a de incentivar os santa-marienses a conhecerem melhor sua cidade.

Quem sabe a gente não cria um movimento tipo o SampaPé, mesmo que informal, do tipo combina e sai andando? Caminha, Santa Maria!

Quem quiser publicar fotos sobre a cidade é só escrever uma pequena história ou legendá-la e remeter para o email mauro@paralelo29.co

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