FABIO S. VASCONCELOS – PSICANALISTA CLÍNICO E INSTRUTOR CORPORATIVO DE SOFT SKILLS
Diferentes de outras épocas, os “heróis” de hoje são frequentemente apontados como pessoas muito ricas e influentes, como empreendedores de sucesso, CELEBRIDADES e magnatas da tecnologia.
Essas figuras muitas vezes são emuladas e admiradas, pois parecem personificar a ideia de que o dinheiro pode proporcionar controle total sobre suas vidas e o ambiente ao seu redor.
Jacques Lacan, psicanalista francês renomado, introduziu o conceito de que a percepção de nossa própria identidade é moldada pelas expectativas e julgamentos dos OUTROS.
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A busca por acumular riqueza e poder pode ser vista como uma tentativa de moldar a percepção do “outro” e, assim, obter reconhecimento e validação social. Já Freud associou a relação entre o controle e o dinheiro como uma extensão de uma das fases formadoras do ego na infância.
O dinheiro representaria no adulto uma forma de CONTROLE sobre as necessidades e desejos, proporcionando conforto, segurança e, muitas vezes, poder sobre os outros.
Nesse contexto, a admiração por pessoas extremamente ricas como heróis pode ser vista como uma tentativa de lidar com a insegurança e a falta de controle na vida cotidiana.
Esses heróis representam a fantasia de que, com DINHEIRO suficiente, pode-se atingir o controle absoluto sobre todas as áreas da vida.
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No entanto, essa fantasia muitas vezes esconde o fato de que o dinheiro não é uma garantia de saúde, felicidade ou controle total, e que as necessidades emocionais e psicológicas vão muito além do poder financeiro. A sociedade frequentemente valoriza e idolatra aqueles que acumulam riqueza e PODER, reforçando a crença de que o dinheiro é o caminho para o controle de tudo.
Nesse sentido, a fantasia de controle representada pelo dinheiro pode ser vista como um reflexo das dinâmicas sociais e culturais que moldam nossos desejos e aspirações.
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Portanto, diante dessa perspectiva a reflexão sobre a relação complexa entre dinheiro, controle e desejo é sempre importante para reconhecer que o dinheiro nunca pode eliminar completamente a falta fundamental que está no cerne da EXPERIÊNCIA humana.
O verdadeiro desafio está em encontrar formas saudáveis de lidar com a ‘falta’ e o ‘desejo’ em um mundo onde os “heróis” muitas vezes são definidos por sua riqueza e influência. Dinheiro é bom, mas quem são seus HERÓIS?