Corte está analisando denúncias da PGR contra mais 45 pessoas acusadas de participação no 8 de janeiro
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) começaram a analisar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra mais 45 envolvidos no ataque aos prédios dos Três Poderes, em 8 de janeiro deste ano, em Brasília. Entre os denunciados está Jairo Machado Baccin, de Jaguari. Até agora, nove moradores da Região Central já viraram réus na Corte.
Baccin, que tem 50 anos, apresenta-se nas redes sociais como professor de Hebraico Bíblico. Segundo um de seus perfis, no Facebook, ele é formado em Teologia Escola superior de Teologia (EST), de São Leopoldo, e possui especialização em História das Religiões.
Em perfis nas redes sociais, Baccin aparece com dois endereços residenciais: um em Jaguari, na Região Central, e outro em São Leopoldo, na Região Metropolitana. Em reportagens, ora consta como morador de Jaguari, ora como de São Leopoldo.
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Professor nega participação em vandalismo
Em seu depoimento na audiência de custódia, em janeiro, Baccin contou que saiu de Santa Maria para ir a Brasília. No entanto, ele nega ter participado dos atos de invasão e depredação do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do STF.
O professor alega que ficou sabendo dos ataques no acampamento de bolsonaristas em frente ao Quartel General do Exercito, na capital federal. Ele permaneceu no acampamento, onde foi preso em 9 de janeiro, uma segunda-feira, dia seguinte ao ataque.
Responsável pela mãe e paciente renal
Ainda na audiência de custódia, Baccin alegou ser responsável pela mãe, que tem 81 anos e que depende ele. Baccin afirmou que não tem renda, apesar de oferecer aulas de Hebraico Bíblico em uma chácara, na Estrada da Caixa D´Água, em Jaguari.
O bolsonarista também alegou que usa medicamentos para problemas renais. Esses argumentos foram usados por sua defesa para sustentar o pedido de liberdade para ele, o que acabou ocorrendo.
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Homem que quebrou relógio está na lista
Entre os investigados também estão Antônio Claudio Alves Ferreira, acusado de destruir o relógio de Dom João VI, trazido ao Brasil em 1808; Marcelo Fernandes Lima, acusado de furtar uma réplica da Constituição no STF, e Wiliam da Silva, acusado de furtar a toga de um dos ministros. Os três foram identificados por câmeras de segurança dos prédios.
Até o momento, dois ministros votaram favoravelmente ao recebimento da denúncia: Alexandre de Moraes, relator do caso, e Gilmar Mendes. Isso significa que a tendência é que o STF acolha a denúncia e torne réus os 45 acusados, entre eles o professor de Jaguari.
O julgamento ocorre no plenário virtual, modalidade na qual os ministros inserem os votos no sistema eletrônico da Corte e não há deliberação presencial. A votação vai até segunda-feira (26).
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Desde o início das investigações, o STF abriu ações penais contra 1.245 acusados. No total, foram apresentadas 1.390 denúncias pela PGR.
Cerca de 250 acusados continuam presos sob a acusação de atuarem como autores e instigadores dos atos, entre eles o empresário de Santa Maria Eduardo Zeferino Englert, de 41 anos.
Das 11 pessoas da região que partiram de Santa Maria e que foram presas em Brasília, nove já se tornaram rés no STF. Além de Baccin, cuja denúncia está em análise na Corte, ainda falta o STF marcar a data de apreciação da denúncia contra Elizandra dos Santos Rodrigues, de Santa Maria.
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MORADORES DA REGIÃO QUE JÁ VIRARAM RÉUS
- Alice Terezinha Costa da Costa, 52 anos, suplente de vereadora pelo União Brasil em São Martinho da Serra
- Eduardo Zeferino Englert, empresário, 41 anos, de Santa Maria
- Holvery Rodrigues Bonilha, tenente da reserva da Brigada Militar, de Santa Maria
- Ivett Maria Keller, 57 anos, empresária de Santa Maria
- Lucas Schwengber Wulf, arquiteto, 35 anos, nascido em Santiago, morador de Três Passos
- Maria Janete Ribeiro de Almeida, 49 anos, de Santa Maria, que seria a organizadora da excursão
- Silvio da Rocha Silveira, advogado de Santa Maria
- Sonia Maria Streb da Silva, 54 anos, de São Pedro do Sul, professora aposentada da rede municipal
- Tatiane da Silva Marques, empresária, 41 anos, de Santa Maria
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ATIVISTAS DA REGIÃO QUE AINDA AGUARDAM DECISÃO DO STF
- Elizandra dos Santos Rodrigues, de Santa Maria, ainda sem data marcada para análise da denúncia
- Jairo Machado Baccin, 50 anos, professor de Hebraico morador de Jaguari, que está na lista de nomes que o STF apreciará até segunda-feira
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As acusações
As denúncias da PGR contra os acusados de participar de atos golpistas em 8 de janeiro incluem vários grupos e diferentes crimes. Há denúncias por incitação a golpe de estado, por destruição do patrimônio público e por omissão (autoridades que permitiram os ataques ou que não agiram para evitá-los).
A composição do STF é de 11 ministros, mas com a aposentadoria antecipada de Ricardo Lewandowski, 10 ministros estão votando. Ou seja, faltam oito votos para decidir se os 45 viram réus.
Os acusados participavam de manifestações contra a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que venceu Jair Bolsonaro (PL) em um pleito de dois turnos, no ano passado.
Eles alegavam que houve fraude nas urnas eletrônicas e defendiam um golpe de estado via intervenção das Forças Armadas no comando do país.
(Com informações de André Rischter – Repórter da Agência Brasil – Brasília)