Paralelo 29 acompanhou momentos de tensão neste sábado
JOSÉ MAURO BATISTA – PARALELO 29
A Prefeitura de Santa Maria confirmou que 11 pessoas deixaram suas casas na Rua Canário, no Bairro Itararé, neste sábado (11), após determinação judicial de descoupão da área de risco.
À tarde, o Paralelo 29 acompanhou a movimentação na Rua Canário, no Bairro Itararé, onde houve um deslizamento de terra com duas mortes na semana passada. Houve resistência de moradores em cumprir a determinação da Justiça a pedido do Ministério Público.
Prefeitura tentou convencer
A Prefeitura foi ao local para tentar convencer os moradores a deixarem a área. Mesmo com a informação que a ação era para cumprir uma decisão judicial, o procurador-geral do Município, Guilherme Cortez, não conseguiu evacuar a via. A maioria continua no local. Houve muita tensão.
Além de Cortez, também estiveram na Canário os secretários de Habitação e Regularização Fundiária, Wagner Bittencourt; de Desenvolvimento Social, LeonardoKortz; e de Comunicação, Ramiro Guimarães, entre outros representantes e servidores do Executivo.
Viaturas da Brigada Militar e de serviços de emergência, como ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), foram deslocadas para a região. São procedimentos básicos quando há uma operação de desocupação com previsão de emprego de força, conforme autorizou o juiz Diego Teixeira Delabary.
Moradores saíram chorando, diz advogado
Segundo a Prefeitura, as famílias que deixaram o local saíram voluntariamente. Conforme relatos do advogado Thiago Carrão, que representa moradores, muitos saíram chorando.
“Eu sai de lá às 17h30min e vi três famílias que sairam. Saíram bastante comovidas, chorando, porque viveram a vida toda naquela região. São pessoas que nasceram e se criaram ali, mas entendem que onde estavam havia muito risco. Saíram conscientes de que estavam indo para um lugar mais seguro. Mas as outras continuam lá”, disse Carrão.
Durante a ação de desocupação, o Paralelo 29 conversou com um dos modores que pretendia sair. Atílio Conterato, líder comunitário, mora há 40 anos na Canário, em uma das primeiras casas erguidas na entrada da via a cerca de 100 metros de onde houve o deslizamento.
“Eu vou sair”, disse Conterato, que afirma ter sido um dos primeiros moradores e ter visto as primeiras casas surgirem na via.
Como uma das lideranças comunitárias na região do Itararé, Conterato há anos defende uma solução ambientalmente sustentável para a área. Ele participou recentemente de uma audiência pública na Câmara de Vereadores que discutiu a questão dos locais de risco.
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Líder comunitário diz que mais de 100 casas estão sem luz
O líder comunitário da Rua Canário Marcone Filipini afirmou ao Paralelo 29 na noite deste sábado (11) que apenas 3 famílias, em um total de 7 moradores, aceitaram deixar suas casas. A Prefeitura foi à Canária e a mais duas áreas de risco para cumprir ordem judicial de evacuação.
Ainda segundo Marcone, as famílias que ficaram – mais de 100 casas, segundo ele, continuam sem energia elétrica. A luz foi cortada em 1º de maio, quando houve o deslizamento com mortes.
Em reunião com moradores, na manhã de sexta-feira (10), o prefeito Jorge Pozobom (PSDB) disse que a Prefeitura só autorizará a religação de energia se houver uma ordem judicial.
Vereadora, moradores e entidade se habilitam no processo
A vereadora Helen Cabral (PT), que preside uma comissão especial criada pela Câmara para acompanhar as consequências da enchente em Santa Maria, também foi à Canário.
Helen se habilitou como parte na ação civil pública ajuizada contra o Município de Santa Maria. Além dela, estão habilitados como partes no processo mais dois moradores e a União das Associações Comunitárias (UAC).
Segundo os advogados e o líder dos moradores da Canário, a Prefeitura se comprometeu a não tirar os moradores à força. No entanto, o impase ainda parece estar longe de uma solução.
Aqui, você acompanha o que a Prefeitura divulgou sobre as ações deste sábado, que também incluem as vilas Nossa Senhora Aparecida (Churupa) e Bürguer, que também ficam no Itararé e circunam o Morro do Cechella.