Por RUDOLFO LAGO do Correio da Manhã Brasília * **
Na avaliação de um dos fundadores do PT, uma das grandes diferenças que há entre o terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva e os dois anteriores, é a composição do entorno mais próximo do presidente. É o que ele chama da força atual da “Turma de Curitiba” em contraposição à força anterior da “Turma de São Bernardo”.
Grato com aqueles que lhe deram mais apoio durante seu tempo de prisão, Lula os trouxe para perto neste seu governo. É a “Turma de Curitiba”.
Com uma participação bem menor dos conselheiros tradicionais que mais o acompanhavam desde o início da carreira política a partir do Sindicato dos Metalúrgicos. A “Turma de São Bernardo”. A começar pela própria primeira-dama Janja da Silva.
Pimenta
Isso se reflete na comunicação do governo, que Lula criticou na semana passada, e dá agora sinais veementes de que deverá mudar.
O secretário de Comunicação da Presidência, Paulo Pimenta, é um dos nomes da “Turma de Curitiba”, cidade onde Lula ficou preso.
Conselheiros
O que muitos criticam é que esse novo entorno de Lula parece ter menos capacidade de atuar como conselheiros.
Muito idolatram o presidente, sem a mesma condição de alertá-lo para eventuais rumos errados, como no passado faziam Luiz Gushiken ou José Dirceu.
Troca na comunicação é cogitada há tempos
Quando Paulo Pimenta foi deslocado para a Secretaria Extraordinária criada para dar solução ao drama das enchentes no Rio Grande do Sul no ano passado, já havia a intenção de mudança permanente. O governo apostava na possibilidade de produzir uma virada política no Sul, onde Lula é menos popular, a partir dos esforços.
Mas a deputada federal Maria do Rosário acabou perdendo a eleição para o prefeito Sebastião Melo, reeleito. Pimenta voltou para a comunicação.
Mas, na sua ausência, já atuavam mais diretamente o marqueteiro da campanha de Lula, Sidônio Palmeira, e o prefeito de Araraquara, Edinho Silva.
Sidônio e Edinho
Sidônio e Edinho tiveram forte participação nas mudanças que aconteceram quando Lula mudou o slogan do governo num esforço para se aproximar dos segmentos evangélicos, cada vez mais importantes na sociedade brasileira, especialmente nas camadas mais baixas.
Não deu certo
Havia uma preferência inicial pelo nome de Edinho Silva. O que se dizia, então, é que Edinho cumpriria seu mandato de prefeito, e poderia vir depois que elegesse sua sucessora, Eliana Honain. Não deu certo. Ela perdeu as eleições em Araraquara para Dr. Lapena, do PL.
PT
Na verdade, mais que retornar à Comunicação, o desejo de Edinho era ser o próximo presidente do PT, ao final do mandato de Gleisi Hoffmann. Essa ainda é uma possibilidade. Gleisi pode assumir um ministério. Mas a derrota em Araraquara produziu abalos para Edinho.
Resultados
De qualquer forma, há um diagnóstico geral de que o governo não tem conseguido reverter em popularidade ganhos, como o crescimento do país, ou a vitória diplomática que teve agora na assinatura do acordo do Mercosul com a União Europeia. É a sacudida que se quer.
*Rudolfo Lago é jornalista do Correio da Manhã / Brasília, foi editor do site Congresso em Foco e é diretor da Consultoria Imagem e Credibilidade